A Pequena Loja dos Horrores, homenagem ao cinema B
A Pequena Loja dos Horrores, dirigido por Frank Oz é baseado no musical Off-Broadway, de Howard Ashman e Alan Menken, que por sua vez é baseado em um filme de mesmo nome de 1960.
Seymour (Rick Moranis) trabalha em uma floricultura que não vai bem das pernas, até que ele encontra uma planta diferente e misteriosa que pode falar e que ele batiza de Audrey II, em uma homenagem a Audrey (Ellen Greene), a moça que ele gosta. Audrey II atrai muita gente e a loja volta a fazer sucesso, isso até eles descobrirem do que a planta se alimenta…
Comédia
A Pequena Loja dos Horrores é um filme musical, mas também é um filme muito engraçado. Sua trama é repleta de elementos extremamente divertidos que beiram o nonsense. Só a sinopse principal já parece muito sem nexo, mas é isso que torna o filme interessante.
Audrey II, a planta de Seymour, é uma planta carnívora enorme que fala e até canta. Ao longo do filme descobrimos que ela tem uma origem ainda mais absurda. Os outros personagens, então, são mais divertidos ainda. Audrey, a original, é representada como uma moça frágil e indefesa, mas extremamente sedutora. Para completar as características da personagem, ela fala com uma voz fininha que chega a ser irritante, no entanto, acabamos torcendo por ela.
O namorado de Audrey, Orin Scrivello (Steve Martin) é um dentista sádico, que não só maltrata seus pacientes, como também maltrata a própria Audrey. Claro que esse tipo de violência não é engraçada, mas o filme não tem como intenção defender nenhuma causa.
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Uma das músicas que Orin canta (Dentist!) fala sobre como e porque ele se tornou dentista e os versos dizem: “You’ll be a Dentist!, You have a talent for causing things pain. Son, be a dentist!, People will pay you to be inhumane”(“Você vai ser um dentista! Você tem talento para causar dor, Filho, seja dentista! As pessoas vão te pagar para ser inumano”, em tradução literal), o que faz do personagem uma figura quase divertida apesar do seu lado cruel.
Uma homenagem aos anos 60
A Pequena Loja dos Horrores também é uma homenagem aos filmes de terror dos anos 60. Os assuntos sobre os quais o filme trata eram comuns nos filmes da época e a estética faz uma referência direta. As roupas de Audrey são em sua maioria tubinhos, que nos remetem as moças mais moderninhas da época. Já Seymour é o típico nerd excluído dos filmes, que gosta da garota que aparentemente é inalcançável.
Orin, que é o rival de Seymour e seu exato oposto, é representado como um bad boy digno dos filmes de James Dean, topete, calça jeans e jaqueta, sempre montado numa moto. O filme conta até com um trio de cantoras que não fazem parte da história diretamente, e aparecem só nos números musicais, que lembram muito os trios dos anos 60, como as Supremes e as Ronettes.
O filme tem por intenção parecer um filme B, o que também era muito comum nos anos 60. Por isso, não é que o filme envelheceu mal, ele já parecia um filme velho nos anos 80.
Aspectos técnicos
As músicas que fazem parte da trilha sonora de A Pequena Loja dos Horrores são as mesmas da peça. Entre elas estão: Skid Row (Downtown), Grow for Me, Somewhere That’s Green, Dentist!, Feed Me (Git It), Suddenly, Seymour e Mean Green Mother from Outer Space.
A produção é propositalmente um filme B, e se sai muito bem nesse aspecto, o que deixa o filme ainda mais divertido. Para interpretar Audrey II, a planta, foi criado um boneco por Lyle Conway, que foi manuseado por uma variedade de pessoas.
Boa parte da graça de A Pequena Loja dos Horrores se deve às atuações do elenco. Rick Moranis parece feito para o papel de Seymour; Ellen Greene, que também esteve na montagem original Off-Broadway e, que interpreta Audrey consegue fazer a personagem e inclusive a vozinha fina, sem irritar o espectador; e Steve Martin está extremamente divertido como o dentista Orin, sendo provavelmente o maior destaque do filme. O filme também conta com uma participação de Bill Murray, como um paciente de Orin.
A Pequena Loja dos Horrores no teatro
A Pequena Loja dos Horrores começou como uma peça Off-Broadway em 1982 e ficou em cartaz até 1987. Em 1983, a peça ganhou uma montagem na West End. O primeiro revival de A Pequena Loja dos Horrores, dessa vez na Broadway mesmo aconteceu em 2003, e em 2006, ela ganhou um revival no West End. O musical também entrou em cartaz na Austrália.
Aqui no Brasil, no entanto, A Pequena Loja dos Horrores nunca ganhou uma montagem. Este é um musical que ironiza com diversos assuntos, entre eles, o próprio teatro musical. O filme diverte o público e apresenta ótimos números musicais.