A Casa Negra, de Stephen King e Peter Straub
A continuação de O Talismã
25 anos se passaram desde que Jack Sawyer foi aos Territórios em busca de um Talismã que poderia salvar sua mãe. Agora ele é um detetive de polícia que se aposentou mais cedo depois de uma crise de ansiedade em uma cena de crime e não se lembra de nada do que aconteceu quando ele era criança.
Até que uma série de assassinatos infantis começa a assombrar French Landing, a cidade onde Jack vive. O serial killer, que emula os crimes de Albert Fish, logo fica conhecido como “O Pescador” – The Fisherman, no original – e Jack é chamado para investigar o caso.
Aos poucos, Jack descobre que os assassinatos são mais do que crimes brutais e que ele está lutando contra uma força do mal capaz de acabar com o mundo que conhecemos, e Jack vai precisar relembrar seu passado para derrotar O Pescador.
A Casa Negra é a continuação de O Talismã.
Jack atualmente
A Casa Negra é a continuação direta de O Talismã, mas o livro se passa 25 anos depois do seu antecessor, então, ele acompanha um Jack já adulto, que tem uma carreira como policial, mas que se aposentou recentemente. Jack não se lembra de nada do que aconteceu quando ele esteve nos Territórios e sua mãe já faleceu.
No entanto, Jack é um bom investigador e, por isso, ele é chamado para investigar um serial killer que anda matando meninos na região. Os métodos do assassino são muito parecidos com o do serial killer real, Albert Fish, e os crimes são brutais. O homem rapidamente ganha o apelido de O Pescador.
A Casa Negra retorna à vida de Jack em um momento curioso, justamente quando ele não trabalha mais como detetive, mas se vê de frente a um caso terrível. O leitor lembra da infância de Jack, mas ele mesmo esqueceu tudo, como se o seu tempo nos Territórios tivesse sido traumático demais. Os assassinatos do Pescador, no entanto, trazem algumas memórias reprimidas, já que Jack começa a acreditar que O Pescador não é só um psicopata, mas que ele tem aspectos sobrenaturais que se relacionam com os outros universos.
Terror real e terror sobrenatural em A Casa Negra
Diferentemente do que acontece em O Talismã, A Casa Negra é um livro muito mais de terror do que de fantasia, ainda que tudo que aconteça na obra se relacione não só com o seu antecessor, como também com a série A Torre Negra, de Stephen King. O terror presente no livro se divide entre dois aspectos: o humano e o sobrenatural.
O humano é óbvio e está claro desde as primeiras páginas: os assassinatos de crianças, cometidos por um homem cruel, e que envolvem até canibalismo. King e Straub não poupam detalhes na hora de construir esse vilão e esses crimes terríveis. Já o sobrenatural se mostra aos poucos, uma vez que vamos descobrindo essa parte conforme Jack investiga e vai retomando alguns dos acontecimentos de sua própria infância.
O livro é interessante justamente por isso, ele começa como uma espécie de romance policial, que tem todos os elementos desse gênero, mas a situação logo se inverte e o leitor é exposto a um terror bem assustador.
Diferenças entre os livros
Embora A Casa Negra seja uma continuação de O Talismã, os dois livros são bem diferentes, até na maneira com que eles são escritos. O gênero dos livros é a primeira diferença, O Talismã é uma fantasia sombria que usa elementos de terror dentro do mundo onde Jack vai parar, enquanto A Casa Negra é um terror puro que circunda entre os gêneros do thriller, do policial e da fantasia, já que repete algumas das ideias presentes em O Talismã.
O Talismã obviamente acompanha uma criança que, diferentemente de um adulto, acredita em fantasia de maneira bem mais fácil e rápida, por isso faz sentido que o Jack de 12 anos não questione em momento algum sua jornada pelos Territórios e nem a possibilidade de um talismã salvar a vida de sua mãe. Já no segundo livro, a trama acompanha um homem adulto e solitário, já sem muita fé na vida, obrigado a se aposentar antes da hora e que acha que assassinatos em série são cometidos por seres humanos terríveis, cruéis e perturbados, mas que vai aos poucos descobrindo que não é bem assim e retomando suas crenças infantis.
A escrita também é melhor, menos travada, e a leitura de A Casa Negra flui muito bem, o que é curioso, porque o livro é enorme e ainda assim, não se sente o tempo passar. Possivelmente King e Straub se entenderam melhor na maneira de escrever seu segundo livro e isso reflete na escrita.
O livro faz referências a O Talismã e A Torre Negra, é recomendável que se leia o primeiro antes de ler A Casa Negra, porque os autores estão lidando com o mesmo protagonista, mas não é impossível entender a trama sem ter lido O Talismã. Em relação a A Torre Negra, King faz referências a essa série em vários dos seus trabalhos, mas é perfeitamente possível compreender A Casa Negra sem ter lido os livros da série A Torre Negra.
A Casa Negra é um terror que assusta e choca e que, em muitas maneiras, supera o livro que lhe deu origem.