A Chance de Fahim – Um peão faz diferença…
Quando entrei na sala para assistir A Chance de Fahim, eu não sabia o que esperar. Eu não tinha assistido ao trailer (ainda bem, já que ele mostra literalmente o final do filme) e sequer tinha lido a sinopse. O que, provavelmente, foi uma boa coisa, uma vez que eu jamais poderia imaginar que este seria um filme sobre xadrez.
É também um filme sobre imigrantes refugiados tentando a vida em um país europeu, é verdade, mas isso eu conseguia deduzir só com o título. Esses temas, quando sobrepostos no filme, geram algumas camadas que deixam o jogo de xadrez mais excitante e a discussão sobre os atuais problemas dos imigrantes na Europa mais leve. O ponto de vista do filme, a partir dos olhos de uma criança, também ajuda a tornar tudo mais lúdico e tranquilo.
A Chance de Fahim – Pequenos Peões
O núcleo infantil do filme, aliás, é divertido e cheio de personalidade. Os pequenos colegas xadrezistas de Fahim conseguem ser mais do que meros figurantes, graças a personalidades distintas que o roteiro lhes dá.
Assinado pelo diretor Pierre-François Martin-Laval, o roteiro é bem trabalhado, contando muito em poucas cenas. Principalmente no que se remete ao pai de Fahim, o filme é extremamente visual – e o personagem é o grande culpado por isso, já que ele vive em Paris sem falar francês.
Grandes Torres
Em contrapartida ao herói calado, outra figura paterna toma conta do garoto. No papel do mestre de xadrez de Fahim, Gérard Depardieu é destaque em toda cena que aparece, seguindo o papel de professor exigente, porém amável. Se vale como crítica negativa, seu personagem cresce tanto no filme que até parece maior do que a figura do pai, que é quem arrisca a vida e enfrenta os maiores desafios no decorrer do filme para dar ao filho uma chance de vida melhor.
Mesmo sendo baseado em uma história real, as romantizações do filme parecem por vezes muito evidentes, o que não é necessariamente algo ruim. É até bom, já que assim é possível dar um alívio cômico e tornar a história mais agradável de se assistir. Isso sem tirar o impacto do problema dos personagens e, principalmente, do problema que diversas outras famílias de refugiados estão enfrentando a todo momento. E nem todas têm a chance de ter um gênio do xadrez ou o Gérard Depardieu para ajudar em um processo de imigração.