À Espera de Um Milagre, o corredor verde
Os últimos passos de um homem
É difícil encontrar alguém que não tenha assistido ao filme À Espera de Um Milagre mas, você sabia que ele é baseado no livro homônimo de Stephen King? O título original “The Green Mile” é referência ao corredor com piso verde, localizado no Setor E da penitenciária de Cold Mountain, o tão temido corredor da morte, pois ali são efetuadas as execuções de homens condenados à cadeira elétrica, a “velha fagulha”, como os guardas da prisão “carinhosamente” a chamam.
A história é narrada pelo querido Paul Edgecombe, já idoso e em um asilo, que está escrevendo suas memórias de 1932, o ano em que conheceu John Coffey, um negro gigante que fora condenado pelo estupro e assassinato de duas garotinhas gêmeas. Na ocasião, Paul era líder dos carcereiros em Cold Mountain e estava sofrendo de uma doença no trato urinário que estava lhe tirando do sério.
Assim que John Coffey põe os pés no corredor verde, Paul já sente que este homem é especial, que há algo estranho ali. Além de Coffey, estão aguardando a hora da morte também Eduard Delacroix, um homenzinho francês que é adotado por um ratinho (sim, o rato adota o homem e não o contrário) e William Wharton, um jovem enlouquecidamente estúpido, imprevisível e cruel.
À Espera de um Milagre
Paul tem em sua equipe ótimos colegas de trabalho como Brutus Howell, mais conhecido como Brutal (pois é um homem grandalhão); Harry Terwilliger, que já é um senhor; e Dean Stanton, um rapaz mais jovem. O diretor da penitenciária, Hal Moores, também é amigo pessoal de Paul e está passando por maus bocados por conta de sua esposa doente.
Infelizmente, a equipe não pode contar com o mais novo funcionário da casa, Percy Wetmore, que só está ali porque é sobrinho do governador e se utiliza disso para chantagear a todos o tempo todo. Percy é um homem mau e sádico, e surpreendentemente Paul consegue que ele prometa que depois de liderar a frente de uma execução, peça transferência o mais breve possível.
John Coffey, apesar de ser enorme, ter várias cicatrizes e ter sido condenado por um crime hediondo, na verdade é um homem doce, gentil, que tem medo do escuro e passa a maior parte do tempo aos prantos. A relação de Paul e Coffey é retratada sem exageros, onde, com muita simplicidade, Paul se aproxima de Coffey e descobre que este homem é envolto em mistérios que o deixam encucado com a sua condenação.
Paul e Coffey
Paul decide investigar mais a fundo o que realmente aconteceu com Coffey para que ele esteja ali, no corredor da morte, pois Paul pôde sentir na pele que Coffey tem um dom, talvez até o dom da cura.
Certamente muitas coisas vão acontecer para atrapalhar o destino de John Coffey e a vida de Paul Edgecombe. Percy com seu jeito arrogante dá sempre um jeito de amedrontar Delacroix, de ameaçar matar Mr. Jingles e de tirar o emprego dos outros por conta de seus “contatos” privilegiados.
E não podemos nos esquecer de Wild Bill, o outro condenado que esconde crimes ainda maiores do que aquele que o trouxe a Cold Mountain. William Wharton, quando chega à prisão, finge estar dopado e quase mata Dean sufocado com sua corrente. Depois, para acabar com o tédio da prisão, ele apronta com quem puder alcançar através das grades. Inclusive com Percy, que convenhamos, merece tomar uns sustos.
Livro e filme
Originalmente o livro foi publicado em seis volumes, com o título “O Corredor da Morte”. Mas hoje todos podem ler em volume único. Mesmo que você já tenha assistido ao filme (aliás, que filme maravilhoso, uma das melhores adaptações já feitas), eu recomendo muito que leia o livro. É uma leitura muito fluida, apesar da história ser triste (parece comédia pelo gif acima, né, mas não é), que não te deixa largar o livro. Stephen King é mestre, não só do terror.
O filme é sensacional, tão bonito quanto o livro. São 3 horas de retratos bem fiéis aos pintados por King. E que elenco! Tom Hanks faz um perfeito Paul Edgecombe e o senhorzinho que o interpreta anos mais tarde (Dabbs Greer) ficou ótimo também. John Coffey é interpretado pelo grande Michael Clarke Duncan, que deixou este mundo em 2012. Temos David Morse, Bonnie Hunt fazendo a esposa de Paul, o ganhador do Oscar, Sam Rockwell, com o despirocado William “Wild Bill” Wharton, Patricia Clarkson, e até uma participação de Gary Sinise como o jornalista racista que escreveu sobre o caso de John Coffey e as gêmeas mortas.
À Espera de Um Milagre foi escrito em 1996 em forma de pequenos volumes, mas já em 1997 foi publicado como um livro único. Já o filme (1999) foi dirigido por Frank Darabont, que já tinha trabalhado com Stephen King no também maravilhoso “Um Sonho de Liberdade” (1994). A dupla voltou a trabalhar junto na adaptação do conto “The Mist” (2007).