A Espiã Vermelha, lealdade no auge da espionagem
Em A Espiã Vermelha, Judi Dench e Sophie Cookson dão vida à Joan Stanley. Em 1938, ela era uma caloura em Cambridge. Já no ano 2000, Joan é uma senhora procurada pelo serviço de segurança britânico.
Ao entrar na universidade, Joan se une a uma sociedade comunista estudantil, onde conhece o jovem alemão Leo Galinch (Tom Hughes) e logo se apaixona por ele. Esse relacionamento certamente faz com que ela passe a enxergar o mundo sob outra ótica e se envolva com atividades do Partido Comunista. Quem apresenta Joan ao mundo político e ao primo Leo é a nova amiga despojada Sonya (Tereza Sborva). Assim, juntas elas se divertem e também participam de reuniões do partido.
A Espiã Vermelha
Joan então é convocada pela KGB (Comitê de Segurança Russo) para atuar como espiã do governo Stalin no Reino Unido, quando a guerra contra a Alemanha é declarada e Leo não pode mais permanecer na Inglaterra. Ao concluir sua graduação em física, Joan consegue um emprego no famoso Laboratório Cavendish, em Cambridge. Ali, ela conhece o líder de um projeto secreto em andamento, o professor Max Davies (Stephen Campbell Moore), que se impressiona com a jovem e a coloca a par do segredo: estão desenvolvendo uma bomba atômica.
Afinal, Joan chega à conclusão que o mundo está à beira da destruição. Confrontada por uma pergunta impossível – que preço você pagaria pela paz? – a moça deve escolher entre trair o país ou salvar seus entes queridos. Entretanto, se ela passar essas informações adiante para seus amigos russos estará agindo contra sua pátria. Mas se não o fizer estará colocando milhares de vidas em risco.
“Assim como muitos dos cientistas que trabalharam no desenvolvimento da bomba na América, no Canadá e na Grã-Bretanha, Joan sente vergonha e culpa esmagadoras quando armas de destruição em massa são desencadeadas primeiro em Hiroshima e, dias depois, em Nagasaki”, explica o diretor Trevor Nunn.
No futuro…
Mais de 50 anos depois, Joan é uma senhora aposentada, que mora no subúrbio na virada do milênio. Ela então é presa pelo MI5 e acusada de espionagem, ao fornecer informações confidenciais para a Rússia comunista. Seu filho Nick (Ben Miles), advogado, que não sabia desse passado, está determinado a limpar o nome de sua mãe. Mas, será que ela realmente é inocente?
Enquanto é interrogada, Joan relembra sua vida de estudante e nós a conhecemos através de flashbacks. Por meio da amizade com Sonya, Joan se envolveu em uma sociedade comunista estudantil. Ali, fica difícil para ela distinguir entre o envolvimento romântico com Leo e a sensação de que ele a está preparando para participar de atividades suspeitas do partido. Afinal, o rapaz é encantador e ela não resiste às suas investidas.
Alguns aspectos técnicos de A Espiã Vermelha
As atuações de todos estão brilhantes. Judi e Sophie estão ótimas compartilhando a vida dessa mulher que teve que ser muito forte para fazer o que fez. Os anseios e tentações que Joan enfrentou também cumprem muito bem seus papéis na forma de Leo e Max. Além disso, outros assuntos polêmicos são abordados, como a homossexualidade de um outro membro do círculo de espiões de Cambridge.
É interessante comentar que Joan não é motivada a espionar por uma ideologia comunista. Ela faz o que faz por estar horrorizada com os atentados a Hiroshima e Nagasaki e quer garantir que isso nunca mais aconteça. Tudo que ela quer é que o mundo seja melhor. Outro ponto importante é o fato de ser uma mulher espionando. Como as moças geralmente ficavam em segundo plano, ela dificilmente seria considerada uma ameaça.
O diretor comenta sobre seu objetivo com a produção: “o filme tenta contar uma história fundamentalmente verdadeira de uma forma fundamentalmente verdadeira. Será que Joan estava certa em fazer o que ela fez? O filme faz essa pergunta e espera que todos assistindo queiram discutir, ponderar e debater este assunto”.
O longa é baseado no livro homônimo de Jennie Rooney, que conta a história real de Melita Norwood, que foi uma espiã inglesa a serviço da KGB. O livro entrou na fila da leitura, claro, afinal, gostei bastante do filme. Bem fluido, sem enrolação, A Espiã Vermelha é uma ótima pedida para quem gosta de biografias e histórias reais do período da segunda guerra. O filme tem estreia prevista nos cinemas brasileiros em 16 de maio, com distribuição da California Filmes.