A Hora da Sua Morte, um terror para os dias de hoje

Em A Hora da Sua Morte, Quinn Harris (Elizabeth Lail) é uma jovem enfermeira que um dia entra em contato com um aplicativo que supostamente mostra o dia e o horário exato da morte das pessoas. Quando ela descobre que, segundo o aplicativo, tem apenas mais três dias de vida, a moça começa a investigar a origem do programa, enquanto luta pela sua sobrevivência.

Quinn Harris é uma jovem estagiária que acabou de ser promovida a enfermeira. Quinn é mostrada como uma garota dedicada e trabalhadora, disposta a subir na carreira, mas que também tem paciência e amizade pelos pacientes. Enquanto trabalha, ela ainda tem que lidar com o comportamento um tanto quanto inadequado do Doutor Sullivan (Peter Facinelli), que vive elogiando e tocando a moça, mesmo que fique claro que isso incomoda a jovem.

Ela sente muita falta de sua mãe, que morreu recentemente e fica claro que ela não conseguiu lidar com o luto da maneira correta, tanto que não gosta de visitar sua antiga casa ou seu pai (Matt Letscher) e sua irmã, Jordan (Talitha Bateman). Dessa forma, a morte é um assunto que persegue Quinn durante o filme todo.

A Hora da Sua Morte

Quinn não só está lidando com o que a morte de sua mãe lhe causou, como também acompanha pacientes que eventualmente morrem no hospital onde trabalha. A questão fica um pouco maior na sua vida quando Evan (Dillon Lane), um dos internos do hospital, a apresenta ao Countdown, um aplicativo que supostamente marca a data da morte da pessoa que o usa.

Quinn não leva o aplicativo a sério, mas acaba ficando perturbada quando Evan morre no dia em que o aplicativo tinha previsto.

O aplicativo

De certa maneira, o filme tem uma trama relativamente original. O aplicativo capaz de dizer quando o usuário vai morrer é uma ideia criativa e interessante que conversa muito com os dias de hoje. O filme fala, à sua maneira, sobre como as pessoas estão totalmente ligadas aos seus celulares o tempo todo e em como hoje em dia existem aplicativos para literalmente tudo.

O longa vai um pouco mais longe, é claro. Por ser um filme de terror, os personagens estão o tempo todo vidrados nos seus telefones, pois estão acompanhando as suas contagens de vida. O aplicativo que advinha a data da morte dos usuários também soa um pouco absurdo, mas faz sentido dentro de um filme do gênero.

No entanto, A Hora da Sua Morte perde uma grande oportunidade de fazer uma crítica a evolução da tecnologia que permite que façamos tudo pelos nossos telefones e poucas coisas fora dele. Tudo bem que a partir do momento que sabe da sua morte iminente, Quinn passa mais tempo se preocupando com ela do que vivendo o resto da sua vida, o que pode ser considerado uma crítica, mas o filme não vai tão fundo quanto deveria.

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O longa acaba se rendendo aos clichês dos filmes de terror feitos apenas para vender e agradar o grande público. Não que isso seja necessariamente ruim, mas com um tema relativamente interessante à mão e a possibilidade de falar sobre a nossa realidade através de um filme de terror, A Hora da Sua Morte acaba soando desperdiçado.

O filme só consegue ter eco nos dias de hoje. Dez anos atrás uma trama como essa sequer passaria pela cabeça dos roteiristas, e nesse aspecto, o longa se mostra bem original.

Aspectos técnicos de A Hora da Sua Morte

Embora a trama seja atual e de certa forma, original, o filme recorre a diversos clichês do gênero do terror. Mesmo a estrutura do longa pode ser comparada a qualquer filme de terror feito por um grande estúdio, e que visa ganhar o máximo possível de dinheiro, especialmente do público jovem.

O filme começa com um grupo de adolescentes, em uma festa, que resolve brincar com o aplicativo. Courtney (Anne Winters) descobre que só tem algumas horas de vida e, naturalmente, fica preocupada. Depois descobrimos que isso é, na realidade, um flashback. Courtney é a namorada de Evan, que serve como um caso de aviso ao espectador, para que ele saiba que quem se envolve com o Countdown vai, eventualmente, se dar mal.

Mais tarde acompanhamos cenas clássicas de jump scares, assombrações que surgem no escuro e uma protagonista que vai ficando cada vez mais histérica e paranoica. A sensação que se tem é que embora o terror do longa se deva a esse aplicativo que prevê a morte das pessoas, ele poderia ser infligido por qualquer outra coisa, uma vez que o filme não se diferencia de qualquer outro terror comercial lançado nos últimos anos.

Mais do mesmo

O longa ainda tenta forçar algumas situações, como o romance entre Quinn e Matt (Jordan Calloway), um rapaz que, segundo o Countdown, também está com os dias contados. Quinn se sente imediatamente apaixonada mais ou menos cinco minutos depois que eles se conhecem. Além disso, a trama que envolve o assédio do Doutor Sullivan, que parece jogada no filme como uma forma de trazer o assunto à tona, não esclarece ninguém e fica perdida.

O elenco não é ruim, mas também não mostra grandes habilidades de atuação, uma vez que o longa consiste basicamente de sustos, mortes e histerismo. A Hora da Sua Morte acrescenta personagens divertidos que, de fato, são engraçados, como uma maneira de quebrar todo o terror que ronda a trama, como o técnico de informática (Tom Segura), que ajuda Quinn e Matt, e o padre John (P. J. Byrne), que funcionam melhor que as partes assustadoras.

Algumas cenas tensas podem deixar a plateia nervosa, especialmente no começo, quando ainda não sabemos de que maneira o aplicativo funciona, mas de forma geral, não é assustador. A Hora da Sua Morte tem um tema interessante, mas parece não se esforçar para trazer à tona todo o seu potencial. O filme entra em cartaz no dia 27 de fevereiro.