A Menina Invisível

Nada de mais sob o sol, ou sobre Sue: nossa protagonista nesse A Menina Invisível, película alemã orientada aos adolescentes. Ela é uma garota de 13 anos, filha de uma cientista, que acidentalmente entra em contato com uma substância no local de trabalho da mãe, tornando-a capaz de ficar invisível sob certas condições. Com a ajuda de dois amigos também jovens (App e Tobi), ela enfrenta vilões ao mesmo tempo em que procura aceitar, entender e controlar seu novo poder.

Tudo bem “homem-aranha” mesmo: ambos muito novos, ambos enfrentando situações de deslocamento (a invisibilidade da heroína combina com seu caráter discreto no círculo de colegas de escola) e tendo que lidar com algo que talvez seja peso demais para suas pobres costinhas; porém, grandes responsabilidades são (aparentemente) entregues pelo destino aos que são capazes de carregá-las. E é aqui que talvez resida
um dos problemas do filme.

Sim, porque, em nenhum momento acreditamos que Sue (vivida de maneira algo titubeante e apática por Lichtenberg) terá personalidade para equilibrar-se no inevitável turbilhão de emoções que deverá viver. Em nenhum momento conseguimos acreditar na placidez que ela demonstra perante os problemas decorrentes de sua nova condição, que no fim das contas é grave. Talvez por força de um roteiro também discreto e nada corajoso, tais emoções serão mostradas, aqui, sempre superficiais e as situações que as geram, simplistas e rasas.

A Menina Invisível

A direção de Dietrich (que espertamente chamou para si a condução de um roteiro seu excessivamente leve) conduz tudo de maneira opaca, eu diria: as atuações mostram pouca garra e muitas acnes.

A analogia entre os dons presenteados a Sue e sua invisibilidade social seria um bom ponto (a despeito de ser uma analogia previsível), mas a própria narrativa nos irrita se desejarmos sempre esperar algo mais contundente, a um tal ponto que você passa a julgar a própria garota por reclamar de seus problemas pessoais pré-acidente, de maneira geral pouco sérios e entediantes.

Assim sendo, se você desejar encarar esta peça aqui, não espere respostas profundas para os dilemas que aparecerão na trama, ou mesmo quaisquer respostas para alguns outros dilemas, como as relações familiares da personagem principal; e tema por uma possível continuação (sempre há riscos). E caso você queira se apegar a uma esperança de boas sequências de ação, simplesmente esqueça.

A Menina Invisível

Há uma clara intenção comercial de se criar um “herói de bairro”, bem ao gosto da Marvel, e o que vemos é um exemplo da nova linha de cinema alemão voltada para o público mais jovem. Movimentos de grande quantidade de produtos e propostas diversas como esse na cultura pop tedesca não são necessariamente uma novidade: os mais antigos lembrarão do krautrock (sim, o “rock chucrute”), termo pejorativo para rotular um leque enorme de bandas surgidas por lá durante os anos 1970, que acolheu desde um Tangerine Dream até um Kraftwerk.

Mas salvam-se algumas coisas: as cores do filme são legais. Convenhamos, muito pouco para nos satisfazer após a exibição. Em suma, A Menina Invisível é um filme para se assistir com crianças, mas mesmo para algumas este se mostrará um pouco enfadonho. Caso de fato haja uma continuação, temo que não arrastará a mesma quantidade de pessoas que assistiu essa primera parte.

A Menina Invisível

Nome Original: Invisible Sue
Direção: Markus Dietrich
Elenco: Ruby M. Lichtenberg, Victoria Mayer, Luc Schiltz
Gênero: Aventura, Família, Fantasia
Produtora: Ostlicht Filmproduktion
Distribuidora: A2 Filmes
Ano de Lançamento: 2018
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