Perdidos no Espaço – Nova Série – Netflix
Esta nova produção realizada pela Netflix não só é formidável em tudo o que se propõe, como também resgata a verdadeira essência da aventura escapista num mar de séries que se levam a sério demais, em um mundo tão chato quanto o nosso, fazendo valer cada minuto.
Mantendo o núcleo familiar como estrutura principal do enredo, este reboot se sai melhor do que os trailers já indicavam ao acertar no elenco inspiradíssimo de nomes não tão conhecidos assim. A começar pelo jovem Maxwell Jenkins, um prodígio a quem devemos acompanhar a carreira daqui em diante. O moleque consegue colocar inocência e ingenuidade na mesma medida que carrega emoções primitivas e intrínsecas a sua idade. “Perigo, Will Robinson!”, vale destacar também o Robô, incumbido em dar andamento a boa parte da trama, assim como faz funcionar sua ‘química’ com o caçula da família e entrega momentos ora apavorantes, ora emocionantes. Molly Parker é o coração da série na figura de Maureen, uma líder natural, gênio da ciência e mãe de primeira, responsável pelos acertos e erros da viagem interestelar. Mina Sundwall, por outro lado, não só é absurdamente idêntica a Molly (tanto fisicamente, quanto nos maneirismos), como também tem um impressionante timming de humor.
A Drª. Judy fica a cargo da super competente Taylor Russell, que equilibra coragem e hesitação (sua relação conturbada e cômica com o divertido Ignacio Serricchio é outro ponto que surte efeito). Finalizando, o elenco ainda traz um trágico e firme Toby Stephens como John Robinson (um homem quebrado, que vê no desastre espacial uma oportunidade para recuperar a família de quem se distanciou), e uma terrível e manipuladora (e extremamente verossímil em sua humanidade) Parker Posey, agora em uma versão feminina do vilão, a Drª. Smith.Cada episódio é um espetáculo a parte, fornecendo a dose certa de aventura, tensão e resolução, mais ou menos nessa ordem, o que gera uma portentosa montanha-russa de emoções. Cenas como Judy presa sob o gelo, o casal afundando no piche, a exploração da caverna, a fuga pelo deserto que expira gases mortais, entre outros, valem o aplauso e remetem imediatamente a obras-primas como Jhonny Quest e abrem portas para outras produções do gênero, que se fazem muito necessárias no cenário atual, onde tudo tem problematizado muito e se levado a sério demais. Esse escape é importantíssimo e muito bem executado aqui. O planeta onde todos se perdem é um dos grandes responsáveis pela geração de situações, não permitindo que a história perca o fôlego, sempre entregando algo novo no horizonte, principalmente no que se refere aos perigos da natureza — e ainda que sejam de origem alienígena, são claramente identificáveis com elementos que temos em nosso mundo.
Os diálogos são outro show a parte, assim como a execução dos efeitos especiais, que não devem nada a Hollywood; e ainda a linguagem técnica, que não se perde num blábláblá ‘tecniquês’, revelando tecnologias existentes (como a impressora 3D) e soluções simples para alta ciência (como os lances envolvendo o tão importante combustível).
Perdidos no Espaço
Funcionando de maneira independente de comparações com a obra original, este novo Perdidos no Espaço trata principalmente de temas familiares de um jeito ao mesmo tempo simples e incrível, equilibrando tragédia e tensão, aventura e emoção, fornecendo uma das melhores séries de todos os tempos. Daquelas que torcemos para que sejam longevas e jamais acabem.