A Queda

A torre de TV KXTV/KOVR é a estrutura mais alta da Califórnia e, até 2001 (de acordo com a Wikipedia, então é verdade), a terceira estrutura de mastro mais alta do mundo. Foi essa antena que o diretor Scott Mann usou de base para o filme “A Queda“, um típico thriller adolescente para causar pânico em quem tem medo de altura.

Ao infinito e além

Com 625 metros de altura, a torre tem quase o dobro da altura da Torre Eiffel – referenciada no próprio filme pela dupla de escaladoras protagonistas. A título de comparação, o prédio do Banespa tem 161 metros, a estátua do Borba gato tem 13 metros, o morro do corcovado tem 710 metros e o Faustão tem cerca de 2760 metros de altura (naquela abertura do domingão que ele cresce sem parar – referência aqui).

Não só o negócio é alto, como as tomadas foram cuidadosamente escolhidas para causar o máximo de vertigem em quem assiste. Não precisa ter medo de altura para ficar incomodado com as garotas se pendurando como se fossem aqueles russos imbecis do TikTok que morrem vez ou outra fazendo essas babaquices.

Jovens estúpidos

Dada a comparação, quem for assistir, já sabe o que esperar: é um filme de jovens burros. Daquela geração Z que não entendeu a moral da história de 127 horas e vai fazer um ato supostamente corajoso sem contar pra ninguém e aí dá merda e o filme é sobre eles se fodendo ao lidar com a própria consequência de seus atos estúpidos. Típico cinemão pipoca dos anos 2000.

É um tipo de filme que está ficando cada vez mais raro: o não-blockbuster para atrair o público que não quer usar o cérebro, que vai em grupo no cinema, só para comprar pipoca, refrigerante e passar uma hora e meia se pegando longe do twitter. Quanto a isso, o filme cumpre sua função muito bem.

A Queda caindo bem

O filme sabe das suas limitações. É um filme ruim que não tenta ser bom em momento nenhum. Ele é bem filmado, tem umas tomadas vertiginosas e tem até um plot twist inusitado em uma produção do tipo. O diretor faz mágica com um budget baixíssimo e com uma locação de dois metros quadrados a 600 metros do chão. Só é meio longo, dava para ter meia hora a menos tranquilo.

Em tempos de streaming e cinemas que só recebem blockbusters, “A Queda” é uma espécie em extinção: aquele filme tosco para ser visto, discutido e esquecido, todo esse processo levando duas horas. Bom mesmo, o filme não é. Mas acho que ninguém queria isso.