Abaixo a Gravidade – A impotência e a frustração

Abaixo a Gravidade conta a história de Seu Bené (Everaldo Pontes), um homem que mora isolado em uma chácara, onde vive de suas plantações. A chegada de Letícia (Rita Carelli) e as manifestações de alguns sintomas de uma doença séria fazem Seu Bené resolver voltar à cidade grande.

O interior e a cidade

Abaixo a Gravidade divide bem a sua trama. O filme se passa entre o interior e a cidade grande. No começo, Seu Bené vive no interior, onde tem uma vida pacifica e repleta de saúde. No entanto, nem isso evitou que sua saúde ficasse abalada e ele mostra sintomas de um possível problema na próstata.

Quando Letícia, uma jovem grávida e solteira aparece na pequena cidade, Seu Bené se afeiçoa por ela e começa a ajudá-la a cuidar do bebê. Mas logo Letícia começa a sentir vontade de voltar à cidade grande e, impulsionado por isso e pela possibilidade de se tratar de sua doença, Seu Bené resolve ir com ela.

Na cidade grande, então, vemos exatamente o oposto do que víamos na primeira parte do filme. A cidade é barulhenta e perigosa e, se no interior o protagonista ajudava todo mundo que podia e era bem recebido, na cidade, nem um homem em situação de rua aceita a ajuda de Bené sem estranhar. Portanto, os dois cenários do filme são completamente opostos.

Frustração sexual

No entanto, o grande tema do filme é a frustração e a impotência sexual. Em função da sua doença na próstata, Seu Bené parece ter se tornado impotente. O que complica a sua situação ainda mais é o fato de que ele se sente cada vez mais atraído por Letícia, mas nunca consegue consumar o ato.

Ao mesmo tempo em que isso acontece, somos introduzidos a outro personagem (interpretado por Bertrand Duarte), que também vem sofrendo de impotência, embora não tenha nenhuma doença. Assim, o filme parece querer falar sobre esse assunto, embora demore para mostrar a que veio. Depois que fica claro qual é o assunto principal, Abaixo a Gravidade não se preocupa em dar nenhuma explicação ao espectador.

O personagem de Duarte, por exemplo, aparece do nada, implica diversas sugestões na história, mas não vai para frente. E Letícia, em determinado momento do filme, muda de nome e vira Malu (ou Paty) deixando o público sem entender muito bem o que aconteceu.

Abaixo a Gravidade e seus aspectos técnicos

Fica claro, desde o princípio, que Abaixo a Gravidade não é uma grande produção. O filme usa de poucos cenários, poucos figurinos e tem um elenco relativamente pequeno. Mas esse não é o grande problema da produção.

Este é um filme confuso, que começa com uma história linear, mas acaba se perdendo no meio do caminho, enquanto joga tramas e personagens quase a esmo. Enquanto o filme se passa no interior, segue uma linha de raciocínio lógico. Mas a partir do momento em que Bené e Letícia chegam à cidade grande, novos personagens começam a ser apresentados sem nenhuma explicação.

O personagem interpretado por Duarte parece não ter qualquer conexão com a trama de Bené. Além disso, há os problemas sexuais, e o espectador fica o tempo inteiro esperando para entender quando as duas tramas vão se conectar, mas isso nunca acontece. O que torna o longa extremamente confuso, monótono e parado. O fato de se alongar por muito tempo depois que todas as tramas já foram expostas piora ainda mais essa sensação.

Abaixo a Gravidade certamente queria falar de alguma coisa, mas isso não se transpõe à tela. O filme entra em cartaz no dia 1 de agosto.