Águas Rasas, não é só mais um filme de tubarão

Jaume Collet-Serra é conhecido por imprimir forte personalidade em sua direção, saindo do lugar-comum dentro de gêneros já muito explorados, como pudemos acompanhar nos “longas-de-ação-com-Liam-Neeson” (tanto em Sem Escalas, como em Noite Sem Fim, mas você já o conhece pelos ótimos A Casa de Cera e A Órfã). Agora, reverenciando Tubarão e outros do mesmo tema, em Águas Rasas o diretor explora o máximo de naturalidade que Black Lively é capaz de entregar em uma atuação mais intimista, depois que ela fica à deriva a beira-mar, com a carcaça de uma baleia, uma gaivota ferida e um tubarão obcecado pelo seu lanche da tarde.

Utilizando bem os artifícios da tecnologia para estabelecer humanidade através do background da protagonista (a maneira como a série Sherlock, por exemplo, fez, ao mostrar o conteúdo da tela flutuando ao redor do personagem, para que o espectador veja também) e com uma câmera vertiginosa – ora em closes intensos, ora em panorâmicas que colaboram para a compreensão da cena, ora sequências impressionantes no oceano –, Collet-Serra recarrega o fôlego da curta minutagem, explorando bem cada elemento e situação, não permitindo que a história se arraste com gratuidade. Águas Rasas também é belíssimo, com tomadas incríveis, que valorizam o cenário e as ondas, de encher os olhos.

Blake Lively em Águas Rasas
Blake Lively em Águas Rasas

Águas Rasas – Não é só mais um dia na praia

É claro que os poucos momentos com o pai dela não só são desnecessários, como também extremamente piegas. E o arco envolvendo a mãe enquanto lição de moral não se encaixa bem no enredo, afinal estamos aqui para acompanhar um filme de sobrevivência. Homem versus natureza. E de como uma estudante de medicina good vibes é capaz de superar as adversidades nos dias que passou ilhada, seja lidando com o forte sol, com o frio da noite, com o pavor de assistir a outros serem devorados sem poder fazer nada, a maneira como reutiliza a roupa de surfista para os tratamentos da terrível ferida, entre outros, sempre acompanhada da gaivota como único escape honestamente leve e cômico, entre uma tensão e outra. E por mais espetaculoso que seja seu clímax, o longa ainda consegue ser crível ao máximo em suas condições.

Sabendo usar todos os elementos estabelecidos no começo de maneira sagaz, o diretor não só reinventa o gênero, como também o respeita. Dessa maneira, Águas Rasas faz com que qualquer espectador fique imerso em sua narrativa até o fim. E eu não vou pedir perdão pelo trocadilho.

Águas Rasas

Nome Original: The Shallows
Direção: Jaume Collet-Serra
Elenco: Blake Lively, Óscar Jaenada, Angelo Josue Lozano Corzo, Brett Cullen, Sedona Legge
Gênero: Drama, Horror, Thriller
Produtora: Columbia Pictures Corporation
Distribuidora: Sony Pictures
Etiquetas

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo
Fechar