Amsterdam

Quando Liz Meekins (Taylor Swift) procura Burt Berendsen (Christian Bale) e Harold Woodman (John David Washington), que fizeram parte do batalhão de seu pai (Ed Begley Jr.) na primeira guerra mundial, para investigar a morte dele, os dois se veem envolvidos em uma trama complexa que os remete ao passado e que é muito maior e mais sinistra do que eles imaginam.

O trio de amigos

Amsterdam tem um roteiro um tanto complexo e que passa por diversas épocas e cenários, mas ele tem um ponto de partida principal: a relação entre três amigos que se conheceram em Amsterdam: Burt Berendsen, Harold Woodman e Valerie Voze (Margot Robbie). Quando o filme começa, no entanto, não sabemos disso, somos apresentados a Burt, um veterano de guerra que agora trabalha como médico, e a Harold, seu ex-colega de batalhão.

O longa usa de uma série de flashbacks para explicar o que aconteceu e como chegamos a esse ponto da história e é aí que conhecemos Valerie, uma enfermeira que Burt e Harold conheceram e com quem moraram em Amsterdam. Os três eram tão próximos que fizeram um pacto para se ajudarem acima de qualquer situação e de qualquer outra pessoa, mas acabaram se separando com o tempo.

É a investigação que surge na vida de Burt e Harold que os aproxima mais uma vez de Valerie.

Várias tramas em uma só

A grande sacada do filme é que ele usa de uma trama para falar de várias outras. Amsterdam é um longa com uma quantidade grande de personagens e vários deles são relativamente importantes e, por isso, ganham bastante tempo de tela. O filme de fato começa com o simples pedido de Liz Meekins para que Burt e Harold investiguem a morte de seu pai, que foi dada como acidental, mas que ela desconfia que seja parte de uma trama macabra, mas essa investigação leva os dois – e mais tarde, Valerie – para outros caminhos.

A ideia é interessante, mesmo porque é quase impossível descobrir o que exatamente está por trás de tudo que é visto na tela, e Amsterdam prende o telespectador por um tempo, no entanto, o filme é um tanto quanto confuso e se torna cansativo durante as suas 2 horas e 14 minutos.

Isso acontece justamente porque Amsterdam vai abrindo “parênteses” ao longo do filme para explicar o grande plot twist da trama, então, o que começa como uma investigação que parece fazer uma referência a um filme noir, logo se torna um flashback de como Burt, Harold e Valerie se conheceram e, mais tarde, uma investigação na classe alta americana e por aí vai…

Aspectos técnicos de Amsterdam

Qualquer pessoa que leia a sinopse vai chegar à conclusão de que o filme é um suspense com toques de noir e é isso que o filme realmente parece ser quando começa, ele não só tem a trama para tal, como também se passa nos anos 1930, o que contribui para a parte visual da obra, mas ele não é exatamente isso, ele é uma espécie de híbrido que passeia por alguns gêneros, mas que tem uma mensagem bem clara. E essa mensagem não só é interessante, como também é importante e atual, o problema é como o filme faz isso.

Como ele vai e volta no tempo e espaço e insiste em entrar em uma série de tramas e subtramas, na metade do filme é muito difícil compreender o que exatamente estamos assistindo. A investigação inicial começa a parecer apenas uma desculpa para que o roteiro possa apenas distribuir histórias de como os protagonistas se conheceram, o que se passou na vida deles e como a trama chegou aonde ela está. A impressão que se tem é que o roteirista – o próprio David O. Russell – não foi capaz de editar o material, já que ele quer mostrar praticamente todos os detalhes das vidas de seus protagonistas.

Amsterdam então, começa bem interessante, mas a segunda parte do filme é marcada por uma enorme barriga onde não acontece muita coisa e onde nem é possível apontar qual direção o longa está tomando. Embora seja interessante o mistério do plot twist, que persiste praticamente até os minutos finais, o preço para se chegar lá é um pouco alto.

A parte técnica do filme é muito cuidadosa, ele se passa nos anos 1930 e é muito bem caracterizado, os figurinos, cabelos e maquiagens de fato são lindos e colocam a audiência dentro da trama. Alguns momentos se passam ainda antes e a caracterização é importante para que o telespectador saiba em que época está. O filme também tem também boas atuações, como as de Christian Bale, Margot Robbie, John David Washington e Anya Taylor-Joy, mas é tão estrelado, que alguns atores parecem completamente desperdiçados, como é o caso de Robert De Niro, Rami Malek, Mike Myers, Timothy Olyphant, Zoë Saldaña, Michael Shannon, Chris Rock e a própria Anya Taylor-Joy, já que todos eles praticamente fazem participações especiais.

O desperdício de grandes nomes no elenco é quase um reflexo do que acontece com todo o filme: Amsterdam tem muito potencial e um grande plot twist, mas seu roteiro complexo e confuso atrapalha toda a trama bem pensada.