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  • SériesPhoto of Luther, um detetive procurando uma continuidade decente

    Luther, um detetive procurando uma continuidade decente

    Dividida em três temporadas, com 14 episódios no total, a trama só consegue cumprir o que promete na primeira temporada — e faz isso primorosamente. Qual o lance de Luther? A série trata da história do detetive John Luther (Idris Elba, muito inspirado), um homem obcecado pelos casos que investiga. No início, ele está voltando pro trabalho após sofrer uma crise. Tentando manter seu equilíbrio mental e emocional, ele conhece Alice, uma psicopata que se torna sua confidente e conselheira, enquanto tenta lidar com o afastamento da esposa. E toda essa primeira temporada cumpre o que promete, com um bom personagem temperamental, que parece não se ajudar quanto ao lado pessoal, mas que consegue resolver muitos casos complexos no lado profissional, estabelecendo assim um equilíbrio interessante, rodeado de personagens-satélite que funcionam sem precisar ser estereotipados (ou seja, nada do engraçadinho, nada do amiguinho etc, são pessoas comuns vivendo o estresse diário cada um a sua maneira). O formato procedural de bandido-da-semana logo é quebrado, revelando a identidade do criminoso — afinal, a série não se trata exatamente de desvendar isso, mas parar suas ações (e pra cada um, é necessário uma estratégia diferente). Logo no segundo episódio, por exemplo, Luther …

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  • LivrosPhoto of Metro 2033, de Dmitry Glukhovsky

    Metro 2033, de Dmitry Glukhovsky

    “O Ano é 2033, a raça humana desapareceu, países inteiros destruídos, florestas devastadas, escassez de alimentos e água. Alguns milhares de sobreviventes conseguiram se refugiar nos metrôs de Moscou para escapar da radiação e hoje não há como saber se alguém no mundo havia sobrevivido. Décadas depois, o metrô criou seu próprio mundo, uma nova vida – as estações são agora cidades onde as ideologias se apoderam e os cartuchos de armas são a moeda. Enquanto isso uma nova forma de vida aterroriza o psicológico nos escuros túneis do metro.” É nesse cenário pós-apocalíptico que Dmitry Glukhovsky traz o tema que enche o leitor de curiosidades e incertezas: a possibilidade do fim do mundo. Metrô 2033, que inspirou a criação de um dos games mais eletrizantes da atualidade, cria uma atmosfera caótica ao tentar mostrar como se comportaria um ser humano em um ambiente onde o que predomina é o instinto de sobrevivência. Artyom, um jovem que mal consegue lembrar o que ou como é estar na superfície, vive em uma das estações mais setentrionais do metrô. VDNKh é um baluarte contra uma ameaça mutante que se arrasta pelos túneis – uma estação que é o lar de Artyom. Essa …

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  • FilmesPhoto of O Segredo dos seus Olhos, quando o romance veste suspense

    O Segredo dos seus Olhos, quando o romance veste suspense

    O Segredo dos seus Olhos é um filme bacana, mas não consegui enxergar nada de extraordinário ali. Entre os trunfos, temos a identificação com personagens bem humanizados, críveis, com comportamentos muita vezes engraçados, o que ajudam a construir empatia; os ângulos certeiros para sutilezas de cena, como a do elevador por exemplo, que carrega tensão e subtexto sem precisar de muito — Juan José Campanella sabe exatamente como deixar a câmera em segundo plano, confiando no espectador pra enxergar o que não tá centralizado; e o plano-sequência de perseguição no estádio de futebol, que é praticamente formidável. E não há defeitos de fato no filme, fora o detalhe de que ele tem um ritmo bem arrastado, e a “reviravolta” próxima do desfecho, ainda que ótima e bem amarrada ao enredo, não chega a ser nada de espetaculoso como se vendeu; as atuações são em boa parte canastronas, e tem muitos momentos “vergonha alheia” — e ainda que seja um filme argentino, por várias vezes me senti vendo uma novela mexicana. Acima de tudo, essa obra é uma história de romance com carapuça de suspense. Só vendo pra entender.

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  • LivrosPhoto of O Herói Perdido, Rick Riordan

    O Herói Perdido, Rick Riordan

    O Herói Perdido dá continuidade a primeira saga de Percy Jackson, agora numa nova série de 5 livros, que estão mais relacionados entre si do que antes. Rick Riordan, mais à vontade do que nunca nesse rico universo que criou, muda um pouco o estilo de escrita, saindo da voz de Percy em primeira pessoa, para uma narrativa com ponto de vista em terceira pessoa, que transita entre 3 novos semideuses pra lá de interessantes: Jason, um tipo de Bourne que chega na história sem memória e vai se desvendando aos poucos, com poderes elétricos e de voo; Piper, uma cherokee com muita lábia e beleza; e Leo, um construtor nato capaz de manipular o fogo. Ainda que Percy Jackson (que não aparece aqui) continue no topo com sua simpatia e bom humor, é interessantíssimo notar como Riordansabe conceber personagens cativantes e singulares que colaboram para o andamento da trama, mesmo que alguns coadjuvantes continuem relegados ao estereótipo de sempre. De problema mesmo, o livro tem dois. Primeiro, que o excesso de mistérios cansa e beira ao absurdo. Esse é vício que o autor não consegue mais se desgarrar na fórmula que criou pros seus livros, por isso é difícil engolir personagens que sabem demais segurando informação relevante apenas para uma função de enredo …

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  • FilmesPhoto of O sentimento dos autores em As Palavras

    O sentimento dos autores em As Palavras

    E pensar que eu quase deixei de apreciar As Palavras, pelo início semelhante (e pasmem, também com Bradley Cooper) ao fraco Sem Limites. Mas não, este filme já pode se enquadrar nas obras de bom gosto sobre escritores (assim como À Beira da Loucura e O Escritor Fantasma, por exemplo). Tratado como drama, a história não ousa demais, mas também não se perde, acaba mantendo-se com os pés firmes no chão e entrega um enredo interessante, bem dosado e de sabor agradável — sendo, inclusive, tudo que o deplorável Janela Secreta não conseguiu. Com um elenco impecável e à vontade nas atuações (mas Jeremy Irons está acima da média), As Palavras lida com frustração, escolhas, arrependimentos e amor de uma maneira que já foi vista antes, mas que aqui, estruturado num plot à lá “boneca russa”, fragmenta o filme numa linguagem que, particularmente, me agradou bastante, com três tramas correndo em paralelo em tempos distintos (outros bons exemplos disso são O Grande Truque e A Viagem, por exemplo). Creio, inclusive, que alguns autores vão se identificar com Rory Jansen em algum momento (espero que não na escolha torta que ele comete). Tipo de filme que eu gostaria de ter na estante.

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