Aprisionados
Boas ideias, mas execução ruim
É o primeiro dia de trabalho da policial Rachel Heggie (Pollyanna McIntosh) em uma cidade pequena e conservadora e um homem (Liam Cunningham) misterioso acaba na prisão, junto com os outros detentos. Aos poucos, o homem vai mostrando seus poderes e todos os pecados daqueles que o cercam.
Várias histórias
Aprisionados se passa em uma cidade pequena, onde todos se conhecem, e acompanha uma série de personagens diferentes. A protagonista é Rachel Heggie, uma policial que está no seu primeiro dia de trabalho, e que precisa lidar com os comentários machistas que escuta na delegacia. Para além dela, o filme também mostra um pouco da vida dos outros funcionários do local.
Outro elemento que logo é apresentado na história é o homem misterioso – que é chamado de Six, pois está na cela seis –, de quem não sabemos muito e, mais tarde, também temos acesso aos outros prisioneiros daquela noite: Caesar Sargison (Brian Vernel), preso por atropelar o homem misterioso, que desaparece logo depois do atropelamento, Ralph Beswick (Jonathan Watson), preso por espancar a esposa, e Duncan Hume (Niall Greig Fulton), médico que fica encarregado de examinar Six, mas acaba surtando e tentando matar o homem, porque ele supostamente sabe o passado do doutor.
Existe portanto, uma série de mistérios na trama, já que somos apresentados a muitos personagens diferentes, mas que muitas de suas tramas e de seus segredos, vão sendo descobertos aos poucos. O filme tem também um clima de mistério, que acontece justamente pela chegada desse homem misterioso a essa cidade pequena, que como manda o clichê do terror, é cheia de segredos.
Outros temas
Aprisionados também fala de temas um pouco mais realistas, ainda que de maneira bem superficial. O primeiro deles é o machismo, afinal, aqui temos uma protagonista mulher, que trabalha em um ambiente extremamente sexista. Além disso, a cidade pequena parece ser muito conservadora e os homens que trabalham com Rachel fazem comentários absurdos para ela durante boa parte do filme.
O abuso sexual e a homofobia também são assuntos que vem à tona, mas ganham pouco desenvolvimento. A violência contra a mulher está presente através de Ralph Beswick, um professor com reputação ilibada, mas que é preso por espancar sua esposa.
Nenhum desses temas é de fato debatido, nem de maneira explicita, nem através dos temas do filme, embora todos eles possam aumentar a sensação de terror que existe em Aprisionados e sejam capazes de colocar o filme mais próximo da realidade, mas é interessante que essas sejam questões que são ao menos mencionadas, dando a entender que a intenção do roteiro é que o filme tenha personagens mais profundos, que podem discutir questões que dizem respeito à sociedade.
Aspectos técnicos de Aprisionados
Este é um filme pequeno, com poucos recursos, mas que não atrapalham completamente o funcionamento do longa. Boa parte da ação se dá ou na delegacia ou em ruas da pequena cidade, mas o roteiro se assegura de que isso seja suficiente.
A trama não é muito original, muitos dos seus elementos inclusive, lembram obras muito clássicas de Stephen King, como as cidades pequenas e o homem misterioso com poderes, mas ele tem aspectos interessantes e fica claro que existe uma vontade de quem escreveu o filme de que ele seja um pouco mais, tanto na maneira com que a trama se desenvolve, quanto nas outras questões que ele traz à tona.
Mas é difícil dizer que Aprisionados é um grande filme, já que falta criatividade e um desenvolvimento maior de uma história que até tem potencial. Ele é, no máximo, um filme mediano que pode entreter sua audiência, mas não é um filme bom.