Armadilha Explosiva

Sonia trabalha numa empresa de detonação de minas e, ao ligar seu carro num estacionamento acompanhada de duas crianças, uma do antigo casamento e a filha de seu atual namorado, percebe que um artefato explosivo foi instalado nele. Contando com a ajuda do ex-marido (também um “deflagrador”), de seu atual relacionamento e de seus colegas de trabalho, ela tenta se livrar da situação perigosa na qual se envolveu.

Durante 90 minutos, ficaremos presos praticamente todo o tempo ao ambiente do carro e inteiramente dentro do ambiente do estacionamento, dando ao todo um ar claustrofóbico, o que é bem legal. A discussão passa por duas provocações: a força dos laços familiares em situação de extrema pressão e a guerra da Ucrânia.

Sim, pois a empresa na qual Sonia trabalha participou de uma missão na Ucrânia para desarmar minas que acabaram dando motivação para o que se vê na tela. Entretanto, esse mote pareceu-me banal na trama: o roteiro precisava apenas de um motivo para que tudo acontecesse, e à moda dos vários Duro de Matar, o motivo se torna superficial perto da tensão que o filme quer mostrar.

Armadilha Explosiva

Armadilha Explosiva

Você pode imaginar as situações angustiantes que verá. A presença de crianças no carro só existe para aumentar o apego aos personagens envolvidos (por que não um gancho mais melodramático, não é mesmo?); eventuais escolhas de quem poderá se salvar ou não, ou se todos conseguirão escapar, ou ninguém (gerando os inevitáveis conflitos éticos e morais), tudo isso num filme francês que mais uma vez se acopla ao ritmo norte-americano. Entretanto, devemos lembrar que, na verdade, historicamente foi o cinema estadunidense quem se influenciou pelo cinema francês. Assim sendo, não me parece problemático este longa revisitar filmes de ação dessa natureza.

São bons atores, como via de regra esta escola nos brinda. Em especial, o foco está na atuação de Arzeneder, com closes em seu rosto, procurando controlar a tensão com o autocontrole. Ela consegue ser comedida na medida certa, e os coadjuvantes no geral têm atuações corretas, que não ofuscam a protagonista. A diretora Vanya Peirani-Vignes foi premiada no Grimmfest por este filme e tem no currículo o ótimo The Cab-Ride (2012), que fortemente recomendo que seja assistido.

Aqui, ela sustenta o suspense e a tensão no ambiente através da parafernália anti-bombas tecnológica de ponta, o que se torna também um veículo de propaganda do potencial militar francês. Isso não é novidade: basta ver o orgulho bélico exibido, por exemplo, em feriados do dia da Bastilha em Paris, com desfiles impressionantes e ostensivos.

A questão política, novamente, é motivação mas verdadeiramente não é aprofundada. Prefere-se, ao invés, alertar-nos sobre crianças de mãos dadas, personagens titubeantes, ataques de tremedeira e tiros. Tudo dentro do previsível, nesse caso. Se ficarmos apenas nesse aspecto, o filme não tem nada de novo. Mas acaba funcionando bem.

Armadilha Explosiva

Nome Original: Déflagrations
Direção: Vanya Peirani-Vignes
Elenco: Nora Arnezeder, Marius Blivetv, Radivoje Bukvic
Gênero: Drama, Mistério, Suspense
Produtora: Wide
Distribuidora: A2 Filmes
Ano de Lançamento: 2021
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