Arquivos Serial Killers: Made in Brazil e Louco ou Cruel
Livros de Ilana Casoy são assustadores, mas esclarecedores
Arquivos Serial Killers: Louco ou Cruel? e Serial Killers: Made in Brazil são livros que analisam as ações, os modus operandi e os crimes de serial killers do Brasil e do mundo todo.
Ilana Casoy
A escritora dos dois livros, Ilana Casoy, é formada em administração, mas dedicou boa parte da sua vida ao estudo de perfis psicológicos de criminosos, se especializando em serial killers. Hoje em dia, Casoy é conhecida justamente por seu trabalho sobre serial killers e é considerada uma das grandes especialistas do país.
Além de escrever estes livros, Casoy também escreveu sobre os casos Richthofen e Nardoni e a ficção Bom Dia, Verônica, em parceria com Raphael Montes.
Ela também fez consultoria para a série Dupla Identidade e é a roteirista dos dois filmes que abordam o caso Richthofen, A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou meus Pais.
Arquivos Serial Killers: Louco ou Cruel?
Serial Killers: Louco ou Cruel? e Serial Killers: Made in Brazil foram originalmente publicados separados e em anos diferentes, mas existe uma edição mais recente da Darkside Books que junta os dois livros em um só.
Louco ou Cruel? foi publicado em 2008 e é fruto da pesquisa de Casoy. A primeira parte se dedica a explicar o que exatamente é um serial killer e quais são as características comuns entre essas pessoas. A autora toma bastante cuidado em ressaltar que, pelo menos até agora, não existe nenhuma prova de que tenha algum componente genético que torne uma pessoa assassina e que, portanto, não é possível prever quem vai cometer crimes ou não. O que existem são características e elementos que são mais constantes nessas pessoas, mas que também não são uma regra.
Casoy também fala sobre os perfis mais comuns de serial killers – que são homens brancos -, e cita que mulheres serial killers geralmente são viúvas negras que matam seus maridos, ou infanticidas que matam seus filhos, mas mais uma vez a autora ressalta que nada disso é regra e que a mente humana, assim como a crueldade presente nela, não tem limite, e que nesse espectro, tudo é possível.
Na segunda parte do livro, Casoy disseca alguns casos famosos, como Albert Fish, Ed Gein, Ted Bundy, Andrei Chikatilo, Jeffrey Dahmer, Aileen Wuornos e o caso Zodíaco, que nunca foi desvendado, o que claro, prejudica a análise do perfil, mas não a impossibilita. Casoy tem muito conhecimento do assunto, por isso, suas descrições são detalhadas e cruas, o que obviamente pode perturbar algumas pessoas.
Os crimes descritos por ela, inclusive com números de vítimas, são pesados, mas como o livro se propõe a analisar, em maior medida, a mente desses assassinos, é necessário que o leitor receba descrições bem claras.
Serial Killers: Made in Brazil
O outro livro foi publicado em 2010 e como o próprio nome deixa claro, aborda os serial killers brasileiros. A obra segue mais ou menos a mesma lógica da anterior mas, dessa vez, Casoy tem mais proximidade com os casos e fez entrevistas com alguns dos serial killers, como Chico Picadinho, Pedrinho Matador e O Vampiro de Niterói.
O livro também se debruça sobre casos como os de Preto Amaral, Monstro de Guaianases, Monstro do Morumbi e O Maníaco do Parque. O interessante desse livro é justamente conhecer os serial killers que atuaram no Brasil, já que esse é um assunto pouco pesquisado por aqui e sobre o qual poucas pessoas sabem.
É importante ressaltar também que, embora Casoy conte a história desses criminosos com bastante detalhe, a ideia não é vitimizar essas pessoas e nem trazer luzes de empatia sobre as ações deles, que são, na maioria das vezes, injustificáveis.
Como toda pesquisa que envolve assassinos, os livros tentam analisar suas mentes e traumas para, quem sabe, entender – mas de maneira nenhuma justificar – suas ações e, dessa forma, compreender como funciona a cabeça de pessoas que cometem esse tipo de crime. Como falamos sobre o ser humano e a cabeça humana é ainda um mar de mistérios, é muito difícil chegar a uma conclusão clara em relação a esse assunto. A pesquisa, no entanto, é bem interessante.
Público alvo
O termo “pesquisa” faz com que os livros soem como uma leitura difícil, mas não é o caso aqui. A intenção não é que ele seja lido apenas por pessoas da área, ou que já pesquisam serial killers e crimes reais. Ambos os livros podem facilmente serem compreendidos por quem não conhece termos técnicos e está se iniciando em leituras sobre crimes reais. Casoy também tem bastante cuidado em explicar questões e termos que podem ficar no caminho.
Mas é claro que os livros são muito pesados, porque não só dão detalhes de eventos muito violentos, como também falam sobre acontecimentos reais e, por isso, podem não agradar e até perturbar algumas pessoas.
Não existe um público alvo muito definido, os livros são fontes de uma pesquisa séria e cuidadosa, com muitos detalhes, mas são fáceis de compreender inclusive pelo grande público, ao mesmo tempo que podem interessar, ajudar e ensinar quem também pesquisa esse tipo de tema.
Arquivos Serial Killers: Louco ou Cruel? e Serial Killers: Made in Brazil não são livros apelativos, ao contrário do que crê boa parte das pessoas, e nem estimulam a violência ou glamourizam crimes ou assassinos, os livros funcionam quase como uma denúncia, ao mesmo tempo que investigam a mente de pessoas tão cruéis e complexas.