As Passageiras

Ressuscitando o vampirismo

Benny (Jorge Lendeborg Jr.) é um jovem que precisa de dinheiro e, por isso, aceita trabalhar como chofer por uma noite, substituindo seu irmão, Jay (Raúl Castillo). Naquela noite, Benny precisa levar duas amigas, Blaire (Debby Ryan) e Zoe (Lucy Fry), em uma série de festas por Los Angeles e esperar pelas duas no carro.

O que Benny não sabe é que as duas garotas, na verdade, são vampiras, e que existe uma trama um tanto quanto sinistra acontecendo bem debaixo dos olhos dele.

O outsider

O protagonista de As Passageiras é Benny, um rapaz esforçado, de origem latina, que vive com a avó (Marlene Forte), e que não tem tanto contato com o irmão mais velho, Jay. Benny precisa de dinheiro, então aceita substituir Jay, por uma noite, no seu trabalho como chofer.

Blaire e Zoe são As Passageiras
Blaire e Zoe

Benny é um outsider de todas as formas possíveis: ele é um descendente de latinos vivendo nos Estados Unidos, um jovem que não tem muito tempo para amigos e namoradas e ele não é um chofer como profissão, portanto não sabe muito bem como se comportar. Mais do que isso, ele não sabe de tudo que acontece na cidade e quem realmente são suas passageiras naquela noite.

As Passageiras aposta nessa ideia de colocar esse personagem que está completamente perdido em um cenário potencialmente perigoso. A plateia, que também não sabe de muita coisa, assiste tudo pelos olhos dele, e assim também tem espaço para que todo o contexto da história seja explicado.

Vampiros em Los Angeles

O filme também explora um assunto que parece nunca sair de moda e que é, constantemente, requentado: os vampiros. O tema é realmente popular e, aparentemente, como as próprias criaturas em questão, imortal, tanto que dentro do gênero do terror existe o subgênero dos filmes de vampiro. O interessante disso é que como muita coisa já foi feita, a tendência é que sempre se crie obras novas, mais modernas e mais atuais usando o vampirismo como pano de fundo.

O longa cria sua própria mitologia
O longa cria sua própria mitologia

As Passageiras até tenta fazer isso. O filme não tem uma abordagem extremamente clássica das criaturas, mas segue alguns cânones que já estão espalhados na cultura popular, como o fato deles só saírem à noite. Aqui, no entanto, existe uma espécie de acordo entre os vampiros e alguns humanos, que permite que as criaturas se alimentem apenas de pessoas que aceitam que eles o façam, e assim, os vampiros continuam vivendo escondidos em Los Angeles, sem serem uma ameaça aos humanos, que nem sabem da existência deles.

A mitologia do filme é sim, interessante e até inovadora, mas conforme a trama se desenvolve, as coisas começam a ficar meio sem sentido. Ainda que seja legal acompanhar esse motorista que não tem a menor ideia de onde está se enfiando, enquanto ele leva duas vampiras que tentam conversar com ele o tempo todo, o longa tem pretensões um pouco maiores e quer falar sobre uma possível fissura entre as duas espécies e se perde nesse caminho.

Aspectos técnicos de As Passageiras

O vampiro é uma criatura atemporal que segue aparecendo em várias produções, mas que quando usado da maneira errada pode pender para o brega, como acontece, por exemplo, com a saga Crepúsculo. As Passageiras apresenta esses vampiros vivendo nos dias de hoje, em plena Los Angeles, mas habitando um mundo ainda secreto e ainda escondido. O longa se define como um filme de terror ou de suspense, mas ele tem um ar de comédia meio involuntário, e seria bem mais aproveitado se fosse uma comédia de terror, como A Hora do Espanto.

O tema interessante se perde no meio do caminho
O tema interessante se perde no meio do caminho

Para além disso, com o tempo o filme vai se tornando cada vez mais absurdo, o que não é necessariamente ruim em um filme que trabalha no gênero do fantástico, mas o absurdo precisa ter algum sentido e o longa larga a mão de qualquer lógica.

A parte visual é um pouco mais interessante: a fotografia usa e abusa dos tons neons, que estão presentes tanto na fotografia, quanto nas roupas dos personagens, e as luzes da cidade também inspiram as cenas do filme. Ele tem boas caracterizações também, o elenco é repleto de pessoas bonitas e sedutoras, como os vampiros devem ser, usando roupas pretas e de couro, que lembram gangues de motoqueiros, e com maquiagem bem pesada.

Jorge Lendeborg Jr. em cena de As Passageiras
Jorge Lendeborg Jr. em cena de As Passageiras

As atuações são boas e funcionam dentro do que é proposto, Debby Ryan e Lucy Fry se encaixam bem no papel de femme fatales dispostas a tudo, e Jorge Lendeborg Jr. é um personagem com quem a plateia pode se reconhecer e torcer por.

As Passageiras tem alguns bons momentos, é divertido, e poderia ser uma boa modernização do arquétipo do vampiro no cinema, mas tenta se manter o tempo todo nos gêneros do terror e do suspense e perde seu potencial para o humor, que se encaixaria melhor na proposta.

As Passageiras

Nome Original: Night Teeth
Direção: Adam Randall
Elenco: Jorge Lendeborg Jr., Debby Ryan, Lucy Fry, Raul Castillo, Alfie Allen
Gênero: Suspense, Ação, Fantasia, Terror
Produtora: Netflix
Distribuidora: Netflix
Ano de Lançamento: 2021
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