Bagdá Vive em Mim – A tolerância sempre é a melhor arma
O filme Bagdá Vive em Mim aborda a história do escritor fracassado iraquiano exilado em Londres, chamado Taufiq (Haitham Abdul-Razzaq), da arquiteta Amal (Zahraa Ghandour) que não pode exercer sua função por ser mulher iraquiana, e do jovem Muhannad (Waseem Abbas), especialista em tecnologia e declaradamente gay.
Os três personagens se relacionam em um pub londrino chamado Abu Nawas, ponto de encontro entre iraquianos exilados e simpatizantes.
Em meio à narrativa, vamos descobrindo que Taufiq tem um sobrinho chamado Nasseer (Shervin Alenabi), que começou a frequentar uma mesquita próxima, e começa a questionar o comportamento do tio e de seus colegas, que se definem comunistas e liberais.
Ideal x Real
A ideia do filme é testar os limites do discurso liberal/esquerda contra o discurso conservador/islâmico, gerando grandes tensões ao longo da narrativa, com foco na história de Taufiq, que sofreu perseguição e tortura no Iraque no meio da ditadura de Sadam Russeim, e se vê novamente perseguido por um líder islâmico local.
Já Amal é surpreendida pelo seu ex-marido que não aceita o divórcio (foi casada com ele no Iraque), e agora é perseguida também em Londres. Muhannad sofre perseguição do sobrinho de Tauqif (que está se iniciando no islamismo mais radical em uma mesquita local), e a trama é convergida com essas três realidades, se juntando em um final trágico, mas reflexivo.
O que esperar de Bagdá Vive em Mim?
O diretor iraquiano Samir quis, de certa forma, mostrar como a contemporaneidade é banhada ainda pela guerra ideológica, pela guerra entre os discursos e visões de mundo, indo além da esquerda/direita tradicional. A tentativa é chegar em um consenso apaziguado entre extremos, exemplificado com Taufiq e seu sobrinho lendo juntos o Alcorão, sem uma ótica extremista, de forma mais poética, mostrando que é possível uma leitura menos radical/conservadora do livro religioso.
O filme também faz uma crítica aos esquerdistas mais velhos do grupo, que não aceitam/entendem o discurso LGBTQIA+ e não conseguem manter um diálogo básico com pessoas religiosas. Bagdá Vive em Mim é um ótimo exemplo de que a tolerância pode ser alcançada, mesmo em contextos extremos. O filme entra em cartaz dia 02 de setembro.