Boyhood, doze anos universais

Filmando o mesmo elenco durante 12 anos, a história acompanha a vida do garoto Mason dos 6 aos 18, sua família e amigos, sobre o passar do tempo, sobre coincidências, sobre a vida. Linklater já havia provado em sua “trilogia do Antes” que não entende de personagens, mas de pessoas e é isso o que vemos em tela, felizmente. Em nenhum momento parece existir uma câmera ali, nem um script, nem uma atuação forçada. É como se realmente cada ator estivesse vivendo aquele momento e a naturalidade de cada um, das crianças aos idosos, dos adolescentes aos adultos, é singular, maravilhosa.

Mesmo se passando em um contexto norte-americano, Boyhood consegue ser universal. O âmbito varia, mas todos temos memórias de momentos para lembrar, bons ou maus, com pais, amigos, namoradas, colegas. O protagonista Ellar Coltrane carrega uma melancolia muito sincera no olhar, e colabora para nos ligarmos a ele de alguma maneira, e nos identificarmos.

12 anos de uma vida
12 anos de uma vida

Boyhood também conta com a excelente Patricia Arquette, a apaixonante Lorelei Linklater (irmã de Mason no filme e filha do diretor na realidade) e Ethan Hawke, mais à vontade do que nunca. As passagens de tempo são sempre compreensíveis e a cronologia segue linear, acompanhando com a trilha sonora de cada época, com uma simplicidade formidável.

A evolução de Patricia Arquette durante as filmagens
A evolução de Patricia Arquette durante as filmagens

Sem apelar para o melodrama ou a farsa, Linklater aborda os dramas do cotidiano e muitos outros da mesma maneira simples, como partes de um álbum de memórias da maneira efêmera que a própria vida é: aquilo que parece ser um enorme problema por um momento, passa sem ninguém perceber enquanto pequenas dores podem permanecer na alma para sempre. E a todo momento, as resoluções vêem de maneira comum, como seria na minha vida ou na sua, sem espetáculos ou saídas fáceis, assim como a vida é. O autor tentou ser o mais próximo da realidade possível e conseguiu, entregando o desfecho assim que Mason ingressa na faculdade (com um otimismo bem-vindo, uma leveza gostosinha de acompanhar), onde o filme acaba, mas sua jornada estaria apenas começando.

E é dessa maneira, simples e real, que Linklater narra 12 anos de um personagem, mas que verdadeiramente é a história de todos nós.

Boyhood

Richard Linklater concebe aqui sua obra mais otimista e intimista, provando como a vida de todos nós daria, sim, um filme.

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