Criaturas do Senhor

Em Criaturas do Senhor acompanhamos uma história intimista que ocorre em um vilarejo ermo e afastado de grandes cidades, dependendo principalmente da pesca e da produção de ostras. Lá conhecemos Aileen O’Hara (Emily Watson), a personagem principal da trama, que trabalha como gerente em uma companhia que mexe com peixes e ostras.

O drama começa a se desenvolver quando seu filho, Brian O’Hara (Paul Mescal) retorna de uma suposta viagem à Austrália e a trama começa a levantar questões sobre um possível passado obscuro desse filho, com uma relação difícil com sua família e uma amiga de infância que permeia o centro da trama. A matriarca, então, tem que tomar uma decisão difícil: proteger seu filho amado e idealizado, ou seguir o senso de certo e errado.

Criaturas do Senhor é mais um filme da A24 com aquele tom de ‘’terror’’, tanto pela escolha da trilha sonora pesada, marcada por violinos desafinados, quanto pela forma que as diretoras Saela Davis e Anna Rose Holmer decidem filmar sua trama: takes longos, mostrando a dinâmica da cidade, seu isolamento e momentos íntimos, usando da fotografia para fazer sugestões da psique de seus personagens.

Criaturas do Senhor

No entanto, o filme acaba se tornando um tanto quanto lento ao propor esse estilo carregado que a A24 adota em filmes como A Bruxa, ou então O Farol (que são situações em que essa escolha funciona). Em Criaturas do Senhor essa escolha acaba sendo uma decisão que soa quase como uma propaganda enganosa para o telespectador. Apesar de o filme tratar de temas pesados e atuais, como a relação da mulher em um ambiente machista, violência sexual e maternidade, o filme sugere uma curva dramática que nunca chega em seu ápice.

Sendo assim, apesar de abordar temas muito interessantes e ter uma fotografia linda e condizente com seus temas, Criaturas do Senhor acaba caindo no ostracismo por não entender como entregar a recompensa ou o impacto que um tema desses pode trazer nas telas do cinema.