Crimes em Happytime, fantoches proibidos para menores

Phil Phillips (Bill Barreta) é um fantoche, ex- policial, que atualmente trabalha como detetive particular. Quando os integrantes do The Happy Time Gang, show de sucesso dos anos 80 cujo seu irmão fazia parte, começam a ser assassinados, Phil se junta a sua antiga parceira, Connie (Melissa McCarthy) para investigar o caso.

Crimes em Happytime é um filme bem diferente, para dizer o mínimo. Para começo de conversa, ele se passa em um mundo onde fantoches e humanos coabitam de maneira relativamente pacífica. Os fantoches tem sentimentos e personalidade próprias. O filme ainda tira um momento para falar de preconceito, já que os fantoches parecem não ser totalmente aceitos pelos humanos, e muitas vezes sofrem violência na rua.

O filme parece a mistura de dois gêneros extremamente díspares: os programas infantis da década de 80, que eram repletos de bonecos e os filmes noir, com seus detetives corrompidos e mulheres sedutoras.

A mistura que parece absurda acaba dando certo, uma vez que o filme se torna extremamente divertido.

Crimes em Happytime, inclusive, usa os clichês do noir para tirar sarro do próprio gênero. Então, o protagonista é um detetive que fuma, bebe, fala palavrão e não tem atitudes muito morais, mas ele também é um fantoche! Durante o filme encontramos mafiosos fantoches, viciados fantoches e até uma femme fatale fantoche. Além disso, o filme é todo contado em voz over, bem no estilo de Chinatown, de Roman Polanski.

É uma mistura interessante a que o filme faz, já que o espectador está acostumado a ver fantoches em programas ou filmes voltados para o público infantil e em Crimes em Happyland vemos os fantoches fumando, xingando, usando drogas, fazendo sexo e até gravando filmes pornôs. Como em todos os filmes noir, os personagens vivem no submundo de suas cidades, e no caso desse filme, é no submundo dos fantoches.

Fica muito claro que a inspiração para os bonecos é o programa Vila Sésamo, já que os fantoches que aparecem no filme são até parecidos fisicamente com os do programa. Os criadores da série chegaram a processar Crimes em Happytime, mas acabaram perdendo e tudo só serviu para promover ainda mais o filme.

No meio das piadinhas que o filme joga, sobra até para a própria Hollywood, já que o filme fala de atores que participavam de uma série, e até a cientologia, polêmica religião cujo ator Tom Cruise faz parte, é citada.

É importante ficar claro que embora seja colorido e os bonecos pareçam fofinhos, Crimes em Happytime não é, de maneira alguma, um filme para crianças. Muito pelo contrário, o público alvo do filme é exatamente os adultos que eram crianças quando programas como Vila Sésamo passavam na televisão. Para os antigos espectadores da série, o filme é ainda mais divertido, já que é possível reconhecer muito do que aparece lá.

O elenco se divide entre os manipuladores de fantoches e atores em carne e osso. No elenco humano estão Elizabeth Banks, Maya Rudolph, Joel McHale e Melissa McCarthy, que está, como sempre, muito divertida.

Crimes em Happytime tem sim, sua parcela de besteirol e é até escatológico em alguns momentos, mas tudo faz sentido quando você pensa que a ideia é tirar sarro de dois gêneros cinematográficos diferentes.

De uma maneira geral, o longa é um bom entretenimento, capaz de fazer a plateia rir e de fazer os mais antenados em cinema compreenderem diversas referências e por isso mesmo, se divertir ainda mais.

Crimes em Happytime entra em cartaz no dia no 27 de setembro.