Crítica: Aquarius

Vamos tirar logo o elefante da sala: O filme Aquarius tem cenas de sexo e nudez? Sim! O filme Aquarius merece a classificação indicativa de 18 anos que recebeu do ministério da cultura? Não!

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Aquarius é o nome de um prédio antigo em Recife, que uma grande construtora comprou quase que totalmente para demoli-lo e que, em seu lugar, deseja construir um novo arranha-céu no estilo “Residential Goumet“. Somente a antiga moradora Clara (Sônia Braga) se recusa a vender seu apartamento e isso atrapalha os planos da empresa, que por sua vez, resolve pressioná-la de formas um tanto “anti-convencionais” para convencê-la. Ou não!

O filme abrange e ao mesmo tempo ataca diversas convenções e dogmas da sociedade brasileira – como a relação de patroa e empregada, o jornalismo corporativo e nepotista, o papel das grandes empresas na destruição da identidade histórica, a caretice sexual, a situação política atual e até mesmo o preconceito estético. Isso tudo, sem soar panfletário ou oportunista.

Na maioria do tempo, a trama é dada aos poucos, quase como uma sobremesa saborosíssima, que provamos bem devagar, com uma colherinha bem pequenina. A trilha sonora inspirada, que vai de Roberto Carlos a Queen, passando por Taiguara e Maria Bethânia, auxilia perfeitamente na costura e no entendimento desses pequenos fragmentos factuais das personagens.

A riqueza da história de Clara só rivaliza com a magnânima atuação de Sônia Braga no papel. A partir do momento em que ela aparece no filme, sua figura e sua personalidade expansiva, extrapolam a própria narrativa, enriquecendo enormemente a personagem e, de quebra, reforça as atuações genuínas dos personagens coadjuvantes que a rodeiam.

Pelo filme ter essa estrutura tão bem construída e coesa, é difícil não se incomodar com algumas cenas fáceis, ou mesmo forçadas que o roteiro em alguns momentos propõe. Pequenas situações fogem do naturalismo onipresente do filme e acabam se destacando negativamente. Mas nada que comprometa o ritmo ou o próprio enredo.

Voltando à frase inicial, podemos dizer que o sexo é muito importante em Aquarius, assim como na vida de todos nós. Em uma situação, uma senhora é homenageada, e uma garota lê diante de todos, uma lista gigante com todas as conquistas pessoais e profissionais da personagem em seus 75 anos de vida. Nesse momento, o diretor foge da festinha e prefere mostrar o que ela realmente entende como a coisa mais importante em todos estes anos: o amor na forma de sexo – as tais das cenas fortes…

A pergunta que Kleber Mendonça Filho faz ao público com essa cena é simples: Porque devemos nos constranger com algo que permeia e pontua toda a nossa vida? Pergunta que, infelizmente,  a nossa nova “pseudo censura” responde com um sonoro: porque sim!

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*Agradecimento Especial: Vitrine Filmes

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