Até O Último Homem
Não é segredo para ninguém que Hollywood adora uma boa história de superação. No caso de Até O Último Homem, ela se apresenta dentro e fora da tela. Primeiro, porque marca a volta de Mel Gibson no cinema norte-americano, após um afastamento de 11 anos em decorrência da série de polêmicas em que se envolveu no país. Segundo, pelo enaltecimento da figura do herói da guerra que o longa traz e que as grandes premiações adoram (não é à toa que, no início desta semana, o filme recebeu seis indicações ao Oscar).
A trama fala de Desmond Doss (Andrew Garfield), um médico com fortes convicções religiosas que decide entrar para o exército americano, durante a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de ajudar a salvar vidas. No entanto, ele vive um grande conflito moral durante a batalha por ser Opositor Consciente, se recusando a portar armas e atirar nos soldados inimigos, o que é visto como covardia pelos companheiros.
Até certo ponto, a produção segue à risca a clássica receita hollywoodiana de filmes de guerra: o bom moço que se alista para defender os ideais da pátria, o nacionalismo exacerbado, a bandeira dos Estados Unidos tremulando com uma potente trilha sonora ao fundo, a visão unilateral e reduzida do inimigo (como máquinas de matar) e o bom e velho romance entre soldado e enfermeira.
Não que isso seja necessariamente ruim. Para um filme que carrega tantos clichês, Até O Último Homem funciona surpreendentemente bem, fruto do eficiente trabalho de Gibson por trás das câmeras e das ótimas atuações do elenco. Mesmo sem trazer grandes surpresas, a produção cumpre bem o que se propõe a fazer.
Neste ponto, é necessário falar sobre o roteiro do filme, que fez um trabalho decente em dosar o aspecto religioso na trama (caso fosse exagerado, poderia destruir completamente sua mensagem). E talvez este seja o maior mérito do longa. A fé do personagem de Garfield é mostrada de forma tão pura que até os mais céticos se mostram respeitosos, algo que fica muito evidente na relação de Desmond Doss com os outros soldados, por exemplo. Aqui, é válido destacar a ótima atuação de Andrew Garfield, que retrata Doss como um homem doce, determinado e extremamente carismático.
Por fim, a produção também se destaca nos seus aspectos técnicos, com destaque para as imagens fortes e detalhadas dos confrontos. Gibson, ao lado do diretor de fotografia Simon Duggan e do montador John Gilbert deixa claro que não quer maquiar os horrores da guerra, uma decisão um tanto paradoxal diante da crença do protagonista.
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Que bela crítica! Vi o trailer do filme e fiquei curioso sobre a proposta, vejo que pelo menos ela foi atingida. Ainda bem que eles dosaram a religião, mesmo assim, não gostei dessa motivação do herói rsrs
Que bela crítica! Vi o trailer do filme e fiquei curioso sobre a proposta, vejo que pelo menos ela foi atingida. Ainda bem que eles dosaram a religião, mesmo assim, não gostei dessa motivação do herói rsrs