Demolidor 2° Temporada
O que define uma série de super-heróis? Seriam os uniformes coloridos e as coreografias de luta? Ou seriam os plots simples e as histórias rasas? Prefiro pensar que uma série não deve ser classificada por estereótipos e sim por sua qualidade e eficiência em contar uma boa história, que nos prenda por 10, 13, 16 ou 24 episódios da temporada. Neste quesito, a segunda temporada de Demolidor (DareDevil) é muito bem sucedida. A premissa arrebata e os personagens nos cativam (ao menos alguns deles).
A continuidade da luta de Matt Murdock (Charlie Cox) para limpar a cidade de Nova York ou mais precisamente o bairro de Hell’s Kitchen do mundo do crime, o leva cada vez mais para o lado noturno de sua vida, deixando de lado o seu alter ego que combate o mesmo mal pelas vias legais da justiça. Esse abandono traz para o herói vermelho ou Red, como o Justiceiro gosta de chama-lo, uma ruptura com seus, até então, companheiros inseparáveis: Foggy Nelson (Elden Henson) e a linda e sofredora Karen Page (Deborah Ann Woll). A ruptura faz com que estes personagens sejam a âncora que arrasta a trama, porque, sempre que eles aparecem, as cobranças em cima do vigilante se tornam maçantes e repetitivas.
Mas pera aí? E o Justiceiro e a Elektra? Ah…. é aí que a série ganha os seus melhores ingredientes! A opção por não definir um vilão para a temporada foi extremamente acertada e mantém uma aura de mistério e surpresa até o último minuto do último episódio. O Justiceiro ou Punisher (como insiste a legenda da Netflix), defendido magnificamente pelo ator Jon Bernthal, é uma das melhores encarnações de um super-herói já realizadas fora dos quadrinhos. Mesmo que, de herói, ele não tenha quase nada! Como em sua origem nas HQs, aqui ele é um vigilante em busca de vingança e, para isso, não deixa uma célula viva sequer, de qualquer um que tenha participado ou mesmo se envolvido na trágica matança que dizimou sua família. Já Elektra (Elodie Yung), é uma personagem que exala sensualidade e mistério. Sua história necessita da boa vontade do expectador, por conta de seus incontáveis furos, e principalmente porque, a partir dela, uma certa dose de fantasia é adicionada a série, que até então era “um tanto” calçada na realidade. As cenas de flashback da personagem são muito eficientes e a química da relação dela com Murdock funciona na medida.
A Netflix e Marvel vêm aprendendo muito a cada nova série ou temporada produzida e o resultado disso salta aos olhos. Talvez um único “senão” seja a coreografia das lutas. Tanto na primeira temporada de Demolidor, quanto em Jessica Jones e agora aqui, as cenas de luta deixam muito a desejar. De longe se vê que os golpes passam a metros de distância dos lutadores e o aspecto de “dança coreografada” fica evidente. Cairia muito bem uma assessoria com mestres do ramo, como as irmãs Wachowskis, que entendem tudo e mais um pouco de lutas, aproveitando que eles também estão na folha de pagamento da Netflix com a incrível série Sense8.
Enfim, se você achou perfeita a primeira parte de Demolidor, vai adorar esta segunda temporada. Se você, assim como eu, gostou da primeira, mas achou que tinham alguns problemas, vai perceber que a série melhorou demais, mas que poderia ser muito, muito, muito melhor!