A Garota no Trem, adaptação de um best seller

Baseado no Best Seller de Paula Hawkings que vendeu mais de 4 milhões de unidades no mundo todo, o filme A Garota no Trem é uma adaptação que não se adéqua muito bem a linguagem cinematográfica. O livro é, basicamente, a reunião de três diários de três mulheres diferentes. Dessa forma, o estilo precisava de um roteiro que traduzisse todos os acontecimentos relatados em imagens e ações que não interferissem no contexto. E principalmente nas personalidades das protagonistas. Infelizmente, a opção foi simplificar o máximo possível. Resolveram assim, mostrar o ponto de vista de cada uma delas, utilizando narrações em “off”.

Na trama, uma mulher solitária vai todos os dias para Manhatan de trem. Esta é uma das poucas mudanças em relação ao livro, onde a história acontece nos arredores de Londres. No caminho, ela passa a observar a vida de um casal de estranhos. Sendo um tanto imaginativa – e um tanto alcoolizada – ela fantasia toda uma história de amor para estes “personagens reais”. Isso enquanto vê a sua vida se esvaindo em bebedeiras e brigas com seu ex-marido e a nova esposa dele.

Gosta de adaptações literárias?

Por ser uma história em que a autora se foca totalmente – muito bem, inclusive – nas aspirações, sofrimentos, preconceitos, aflições e decepções femininas, todos os personagens masculinos acabam ficando unidimensionais demais, o que estraga um pouco o realismo que tenta ser demonstrado no enredo.

O que esperar de A Garota no Trem

As atrizes estão todas ótimas, com destaque para Emily Blunt, que precisou se despir de toda a sua vaidade para encarar um papel bastante difícil, em que a câmera do diretor Tate Taylor (Histórias Cruzadas) quase entra pelos poros da atriz.

Como um filme de mistério, até que A Garota no Trem se sai bem, mesmo que lá para o final as coisas são explicadas demasiadamente e as ações dos personagens não condizem com as suas personas. Mas o que deve ficar do longa, e do livro também, é o questionamento do quanto é cobrado e esperado das mulheres nos dias de hoje. De como elas recebem, percebem e lidam com toda a expectativa que é associada ao início tardio do processo de equiparação dos gêneros que acontece hoje em dia.

*Agradecimento Especial: Universal Pictures