Lego Batman

As definições de zoeira foram atualizadas! O mais novo filme da franquia de brinquedos, jogos e tudo o que você imaginar, LEGO, está de volta às telonas e, desta vez, o centro das atenções é o “gênio, bilionário, playboy e filantropo” Batman (isso só para citar uma das piadas no filme, que envolve o próprio Homem de Ferro, dono das aspas acima).

Na trama, Batman, que até então levava uma vida solitária, tem de aprender a lidar com a nova comissária de polícia de Gotham, Barbara Gordon, e a cuidar de seu filho acidentalmente adotado e futuro parceiro no combate ao crime, Robin. “Santa enrascada, Batman”. Como se não bastasse, o Coringa, motivado por questões pessoais, elabora um plano infalível contra o Homem-Morcego.

Sob a direção de Chris McKay, que no currículo traz a experiência como diretor de episódios e filmes televisivos do irreverente Frango Robô, o derivado de Uma Aventura LEGO (2014) – o qual ele também codirigiu – LEGO Batman: O Filme é palco para uma história sobre o valor da família, o poder da amizade e o trabalho em equipe.

Uma temática que soaria cafona e piegas se não fosse o fato de estar acompanhada de boas doses de humor, um visual incrível, diversas participações especiais, muita ação e uma camada mista de homenagem e auto ironia; pois, ao mesmo tempo em que o filme apresenta um Batman dotado de suas características clássicas, a animação dá uma rasteira nos fãs mais sombrios e realistas e os convida a rir do maior e mais sisudo ícone da DC.

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Ao se perguntar “por que tão sério, Batman?”, o filme desconstrói o herói e retrata um Cavaleiro das Trevas divertido e apaixonado, que, ainda que seja um ególatra que ama os gominhos de seu abdômen musculoso, se emociona ao assistir sozinho, no cinema particular da mansão Wayne, ao filme Jerry Maguire e que é fã de heavy metal, de rap e da balada romântica oitentista (I Just) Died in Your Amrs Tonight, entre outras facetas até então desconhecidas por todos que o acompanham há cerca de 70 anos.

Afinal, convenhamos, como levar a sério um homem que combate o crime vestido de morcego? Se pararmos para pensar, não tem como. Como diria o quadrinista britânico Alan Moore, histórias em quadrinhos de super-heróis é coisa de criança.  Neste ponto, então, o filme em muito se assemelha ao clima inocente e nonsense do seriado dos anos 60, em que SOCKs, KAPOWs e BAMs tomavam conta dos episódios nas cenas de luta.

Logo, nada melhor do que por na telona, para a alegria dos fãs mirins, gags como o Cruzado Encapuzado, vestido de máscara e roupão, preparando sua lagostinha de LEGO no micro-ondas, ou mandando a ver no beatbox, além de um sem número de referência ao mundo de Gotham City e seus personagens, coisa que, provavelmente, só os fãs mais velhos perceberão. Mas não só de piadas vive LEGO Batman e aqui temos o principal, e talvez o único, ponto fraco do filme.

Afastando-se do estilo Deadpool-para-crianças, o bom humor é entremeado pelo conflito interno do personagem workaholic que não tem amigos e não consegue trabalhar em equipe, mas que precisa superar isso para vencer os vilões. Ainda que funcione bem, graças, na maior parte do tempo, ao excelente trabalho dos dubladores originais e brasileiros, a questão de Batman ser um lobo solitário é abordada repetidas vezes ao longo da projeção como em uma tentativa de equilibrar a zoeira sem limites.

São momentos como estes que quebram um pouco o ritmo alucinado da trama e, ainda, aproxima a obra, desnecessariamente, da regra de que o audiovisual infantil sempre tem que ter uma escancarada mensagem edificante. Como se crianças não pudessem se divertir só por se divertir.

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É de se notar, entretanto, que é nestes momentos mais “reflexivos” em que personagens secundários com um tempo menor em tela para se desenvolver, possuam uma conclusão mais interessante do que o arco de Batman; como o Coringa, por exemplo, que no longa deixa claro seus sentimentos pelo herói. Suas declarações “fofas” falam com sinceridade sobre o relacionamento de ambos e funcionam aqui perfeitamente como uma sátira ao modo doentio e obsessivo que a relação dos dois é tão comumente retratada nas HQs.

Agora, se o que temos aqui é de fato a melhor encarnação do Batman nas telonas, ou se este é o universo cinematográfico DC que deu certo, só o tempo e as continuações dirão. Porque, seguindo a lógica e a trajetória da marca nos videogames, é de se esperar, em um futuro próximo, uma nova aventura, desta vez com Batman acompanhado dos seus superamigos.

Agradecimentos especiais a Assessoria de Imprensa da Warner
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