Crítica: O Roubo da Taça
Uma excelente oportunidade de provocar uma reflexão realmente significativa sobre as prioridades dos brasileiros foi perdida em O Roubo da Taça da Prodigo Films.
“Raso” é um adjetivo justo para descrever a produção do diretor Caíto Ortiz.
O filme se passa no Rio de Janeiro e narra o caso verídico do roubo da taça “Jules Rimet”, conquistada pela Seleção Brasileira em 1970, selando o trigésimo título mundial da Seleção Canarinho até então.
A película se desenrola a partir da visão de Peralta (Paulo Tiefenthaler), o arquiteto do crime onde, contando com a parceria de seu comparsa Barba (Danilo Grangheia), efetua com sucesso a façanha do roubo da premiação.
O espectador, durante o filme, pode vir a imaginar que este possua algum teor crítico uma vez que a produção o situa em um cenário de crise politica, que realmente ocorreu nos anos 80, entrelaçado ao amor que a grande massa possui pelo futebol e em como as autoridades se mostram muito mais ativas, junto à CBF, na ação de recuperação da taça do que voltando-se aos problemas sociais enfrentados pelo país. Mas, segundo resposta do roteirista Lusa Silvestre à pergunta formulada pelo redator do Vitamina Nerd (mais precisamente este que vos fala), esta é apenas uma reflexão subjetiva do espectador; não foi munido dessa intenção que o roteiro foi elaborado.
Uma pena, perderam uma boa oportunidade de cutucar um pouco mais essa ferida, já que o brasileiro ainda se recupera de um trauma futebolístico conhecido como o famoso 7×1 da Alemanha, que inclusive ocorreu em um momento bastante similar à década de 80, e que ainda está em voga no momento presente em que este texto está sendo redigido; dando um pouco mais de pano para a manga ao abrir novamente o parêntese à discussão sobre se de fato não falamos mais de futebol do que o necessário.
Entretanto, se tratando de uma comédia, o filme se faz pelo menos engraçado? Considerando que no Brasil nós possuímos uma gama humorística que varia de Pânico na Band até Escolinha do Professor Raimundo (interprete isso do ponto de vista de ordem crescente), podemos dizer que a graça se encontrará, naturalmente, no gosto de quem for assistir. Contudo, em linhas gerais, é um humor simples com alguns poucos momentos de genuína graça; algo agradável de se ver em uma tarde de domingo para matar o tédio. Mas não passa disso.
Como ponto positivo, temos a atuação de Paulo Tiefenthaler no papel do gatuno. Paulo é o pilar de todo o longa; sua atuação, repetindo o icônico personagem “Paulo Oliveira” do inesquecível Larica Total é a mola propulsora de praticamente todo o humor do filme, o diferenciando das fracas comédias nacionais que preenchem as salas de cinema todos os anos.
Peralta, seu personagem aqui em O Roubo da Taça, é tão crível, quanto reconhecível. É a extrapolação da figura do malandro carioca, ou como o próprio ator prefere definir, o malandro de Copacabana.
Em resumo, O Roubo da Taça entretém, mas fica longe de trazer algo realmente relevante à quem assiste.
pegou pesado…
pegou pesado…