Crítica: Um Homem Só

O que faria se possuísse uma cópia exata de si mesmo e só você soubesse da existência dessa duplicata ?

É sob esse pano de fundo que se desenrola o primeiro longa metragem da diretora Claudia Jouvin, estrelado por Vladimir Brichta e Mariana Ximenes.

A trama conta a história do pacato Arnaldo (Vladimir Brichta), que não possuí absolutamente nada de interessante: um homem assalariado que abriu mão de si para arcar com as responsabilidades da vida adulta, com um casamento frustrado e que visivelmente perdeu a graça na vida e não faz questão alguma de esconder esse fato.

Em meio à monotonia desesperadora da vida cotidiana, Arnaldo obtém conhecimento sobre uma clínica clandestina de clonagem, a qual possui o único intuito de libertar os clientes das responsabilidades do dia a dia, deixando-as para que sejam cuidadas pela cópia enquanto a versão original do individuo se aventura em uma vida nova repleta de possibilidades. Tentador.

Essa é a alternativa que Arnaldo enxerga como solução dos seus problemas e se submete ao procedimento.

É em meio à esse caos que surge Josie (Mariana Ximenes), a contraparte de Arnaldo: alegre, comunicativa, independente (aparentemente) e sonhadora – fazendo com que ele imediatamente se apaixone, tanto pela sua beleza singela quanto por toda a vivacidade que ela representa.

O filme nos convida a refletir sobre escolhas e a necessidade de se fazer as pazes consigo mesmo para lidar com desafios da vida, passando também pela necessidade do ser humano se reinventar em alguns momentos para dar espaço ao novo.

Durante a projeção o espectador pode experimentar diversas sensações: ódio ao comodismo, esperança, compaixão, angustia e tantas outras possíveis e individuais – algo que um bom filme normalmente provoca ou deveria provocar.

O intuito de deixar uma interpretação aberta ao invés de entregar explicações de mão beijada à quem assiste é perfeitamente atingido pela diretora, nos convidando à constantes reflexões e insights durante praticamente todo o filme.

Vladimir Brichta e Mariana Ximenes exibem um excelente entrosamento na atuação em conjunto: intima, leve, natural e prazerosa – o que se torna crucial para a emersão do público nos sentimentos do casal. Nota-se perfeitamente que a amizade que nutrem na vida pessoal e alguns trabalhos em conjunto fizeram muito bem à dupla.

Um dos pontos altos do longa se encontra em seu gênero, um drama híbrido de sci-fi; uma receita que Claudia Jouvin soube manusear com toda a sua criatividade e experiência como roteirista ao criar um contexto natural e realista mesclado à ficção científica, moldando um enquadramento bastante plausível de situações que convence o público da possibilidade de que realmente aquilo que é mostrado pode acontecer em algum momento no mundo real.

Existe um problema ou outro no roteiro que pode causar confusão e não possuir muito sentido, mas não exime a qualidade da produção.

Àqueles que estão curiosos para conferir o filme podem fazê-lo sem receio; aconselho-lhes à sair um pouco da zona de conforto de um espectador passivo e colocarem-se como seres pensantes e reflexivos durante a projeção, para assim ser possível experenciá-lo  da forma mais genuína possível.

“Um Homem Só” tem sua estréia agendada para 29 de Setembro.

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