Deadpool 2, menos romance, mais porrada
A sequência é tudo o que o primeiro filme jamais conseguiu ser: divertido e cheio de ação, justamente o que esperamos de algo como Deadpool.
Enquanto que no longa de 2016 apenas os primeiros cinco minutos faziam valer o ingresso – em uma sessão chata de romance e história de origem desnecessária – o segundo faz escolhas mais acertadas e começa ao limar o romance da vida do protagonista. Deadpool, em essência (e é claro que me refiro aos quadrinhos) é só piada e porrada, então é pra isso que pagamos para assisti-lo nas telonas. Ao tentar embutir draminha, romance e sobriedade, o filme sempre falha, seja antes, seja agora. Então, a história só começa a andar após a morte de Vanessa. Mesmo com o porre lutuoso de Wade Wilson que nunca cola, os coadjuvantes e o roteiro mais amarrado fazem as coisas funcionarem pra valer.
Julian Dennison como o McGuffin da trama tem talento e dramaticidade suficientes para suportar as cenas que carrega. O Cable de Josh Brolin, ainda que aquém de sua versão das HQs (e que merecia um cadinho mais de origem explanada) tem o contraste certo com o anti-herói vermelho em sua sisudez natural e colabora para todo o andamento do longa. Zazie Beetz, além de apaixonante, ainda faz uma ótima Domino e tem de longe o melhor poder mutante de todos os tempos. Ponto alto também para as situações inesperadas, como a divertida morte da primeira versão da X-Force e da grande surpresa com o Fanático definitivo das telonas (mesmo com aquele seu desfecho indigno). Colossus tem grandes cenas de porrada, enquanto que Negasonic e Yukio poderiam ter tido mais destaque, não é? Sim, o Deadpool continua sendo o pior em tela (ele é chato, não engraçado), mas tudo bem, dá para se acostumar.
Entre as boas sequências, temos a perseguição do caminhão pela cidade, o clímax portentoso e nada cansativo no orfanato, a seleção de candidatos para equipe e a batalha na prisão. Afinal, David Leitch (dos fodásticos John Wick e Atômica) é muito mais diretor – de ação e luta – que Tim Miller, do primeiro filme. Já entre os cansativos e intermináveis easter-eggs (que pelo exagero perdem o efeito… e sim, me refiro a Logan, pff), o de Rob Liefeld, os dos X-Men fechando a porta na Mansão X e o do Universo DC são os melhores. Claro que meia hora a menos teriam feito bem melhor a história, que poderia ter tirado todo aquele chororô do protagonista no começo e no fim. Era pra ser engraçado? Não foi. Mas tudo bem, se tem um filme que pode ser considerado “bom” de Deadpool, é este segundo. O primeiro foi só um teaser superestimado.
De qualquer forma, meu ingresso valeu pelas cenas pós-créditos, de longe a melhor coisa de todo o longa: Ryan Reynolds apaga do seu passado duas de suas maiores vergonhas, com o “Deadpool” de Wolverine: Origens e o dia em que decidiu assinar o contrato para o esquecível Lanterna Verde. A ousadia aqui mereceu meu joinha.