Delicioso: Da cozinha para o Mundo
Uma das coisas que eu menos gosto no diretor francês Éric Besnard é que seus filmes são todos franceses. Eu tenho um preconceito natural com o cinema francês, por isso que vez ou outra acabo me surpreendendo com uma produção mais bem feita. Seu novo filme, “Delicioso” não é uma super-produção digna de adjetivos exarcebados, mas curiosamente, uma das coisas que se pode falar do filme é que ele parece mesmo delicioso.
Vergonha do profissón
Porque a retratação de comida do filme é lindíssima de se ver. São massas, carnes, molhos, ovos, legumes, tudo soa saboroso. O filme segue o talentoso cozinheiro Manceron, numa espécie de Masterchef da Idade média, em sua epopeia para seguir a vida depois de cozinhar para reis e duques.
Afinal, em um palácio, há um banquete por dia (havia, hoje em dia a Rainha mesmo faz suas refeições de forma bem mais discreta, como dá pra saber neste texto aqui). Mas a cozinha de uma espelunca de beira de estrada tem que ser bem mais simples e objetiva, mas não tão desleixada a ponto do Eric Jacquin a invadir com uma equipe de filmagem e ficar gritando impropérios para gerar meme.
E, basicamente, é isso: um gordo carismático cozinhando em diversas esferas sociais. Nada que não tenha na TV hoje em dia, o que muda é o climão de revolução francesa ao redor.
Delicioso – Comédia, Drama ou Romance?
O filme tenta se vender como uma comédia, mas ele não tem graça. Não é nem uma crítica, ele só não tem nenhuma piada no meio mesmo. Em alguns momentos, parece que vai virar um romancezinho besta com a chegada de uma personagem que é uma aprendiz de cozinha, mas também esse arco não engata, graças a deus.
E também não dá nem pra encaixar o filme como um drama. Ele orbita ao redor disso tudo aí, como naquele filme “Chef“, mas com o Jon Favreau sendo um camponês bucólico em algum lugar da França.
“Delicioso” não é um filme ruim, longe disso. É daqueles filmes legais de levar sua mãe no cinema ou assistir num sábado à tarde, depois de comer uma feijoada. Bem filmado, interessante, com alguns erros históricos (a batata frita é belga, não francesa; e tem vários países que disputam o posto de restaurante mais antigo da Europa). Só não dá pra ir assistir com fome.