Desespero, de Stephen King
O bem vs. o mal
Peter e Mary Jackson estão passando por uma estrada deserta em Nevada, quando são parados por Collie Entragian, um policial gigantesco e assustador. Ele encontra maconha no carro do casal e os leva para a delegacia.
Uma vez lá, Peter e Mary descobrem que Entragian prendeu várias pessoas pelos mais variados motivos e que o homem é muito mais do que só um policial violento. Agora para sobreviverem e salvarem o mundo de algo terrível, eles precisam se unir e enfrentar o mal.
A violência
Desespero – assim como seu livro gêmeo Os Justiceiros, publicado sob o pseudônimo de Stephen King, Richard Bachman – é um livro bem diferente dos outros livros do autor, isso porque a obra passa bastante tempo passeando na violência e no gore, muito mais do que no terror tradicional ou nos temas que circulam a maioria das tramas do autor.
Aqui acompanhamos uma série de pessoas – Peter e Mary Jackson, a família Carver, John Edward Marinville, Steve Ames e Cynthia Smith – que tem a infelicidade de estarem passando por uma rodovia que cruza a cidade de Desespero e são paradas pelo policial Collie Entragian. Todos eles vão parar na delegacia, onde encontram Tom Billingsley, um morador da cidade que parece ser o único ser vivo em Desespero, além de Entragian, e logo percebem que Entregian não é um policial comum.
Mas o livro é repleto de violência, de todos os tipos e gêneros, desde o começo. É claro que outros livros de King também narram e retratam coisas e situações horrorosas, mas este é bem menos sutil e faz questão de dar detalhes bem claros de tudo que acontece na sua história.
O fato de Entragian ser especialmente cruel e sádico torna a leitura ainda mais pesada, inclusive para quem já está acostumado com o gênero.
O bem contra o mal
Mas ao longo da leitura, Desespero começa a se aproximar de assuntos que são quase universais nas obras de King, como por exemplo, a batalha do bem contra o mal.
Não demora muito para que as pessoas presas na delegacia percebam que Entragian não é um policial comum e que muito possivelmente ele representa o mal, no sentido mais amplo da palavra. Ao mesmo tempo, David Carver, um menino de doze anos que também se vê preso, demonstra ser uma espécie de enviado, que tem uma conexão especial com Deus, David não só é capaz de fazer coisas incríveis, que para os outros personagens parecem milagres, como também não perde as esperanças, mesmo testemunhando a morte de sua irmã mais nova ou a violência a qual sua mãe é submetida. Esses aspectos fazem desta uma história que retrata, basicamente, uma luta do bem contra o mal.
Essa batalha tem repercussões muito maiores do que os personagens do livro percebem, afinal, logo no começo, tudo que eles desejam é sair da cidade e salvar suas vidas, mas David percebe que eles precisam ficar e derrotar Entragian, e o que quer que ele seja realmente.
Assim, Desespero se aproxima de outras obras de King, como por exemplo A Coisa, que também tem uma espécie de entidade como vilão, e A Dança da Morte e a série A Torre Negra, que também narram batalhas do bem contra o mal.
Desespero na mídia
Este não é um livro muito famoso de King, embora, como acontece com frequência nas obras do autor, ele faça várias referências a outros livros dele mesmo, por isso, só existe uma adaptação de Desespero.
Desespero é um filme de 2006, feito para televisão e estrelado por Ron Perlman, Tom Skerritt, Steven Weber e Annabeth Gish. O longa é relativamente fiel à obra, embora não consiga cobrir tudo que acontece no livro.
Desespero não é um dos melhores livros de Stephen King e pode desagradar os fãs fiéis que esperam histórias que se preocupem mais com o terror do que com a violência, mas o livro ainda tem, mesmo que não de maneira completamente clara, temas que são caros ao autor e que logicamente, chamam a atenção dos fãs.