Dica de Filme: IT – A Coisa
Stephen King retorna aos cinemas com IT: A Coisa, filme de terror adaptado da obra literária de 1986 e que já tivera um filme anterior, em 1990, batizado de It – Uma Obra-Prima do Medo. Em 2017, IT: A Coisa é uma ótima fábula sobre a passagem da infância para a maturidade, com toques de horror e muita crueldade, que acerta do começo ao fim principalmente em seus personagens otimamente bem construídos, com um elenco juvenil de boa química (Sophia Lillis está acima da média em seu papel complexo e compete de igual pra igual com Millie Bobby Brown), que nos envolve justamente por suas backstorys dramáticas e densas na medida, onde o verdadeiro terror está além do palhaço sinistro (sim, me refiro ao pai abusador e ao bullie irrefreável). Não vou entrar em méritos de adaptação, porque nunca vi o telefilme noventista e ainda não li a obra-prima do medo de Stephen King, mas é evidente na produção a fidelidade ao espírito de tramas do autor.
Andy Muschietti, que já havia feito um trabalho competente em MAMA, é claramente apaixonado pelo material original e imprime isso nas telonas, sabendo equilibrar momentos de humor, drama, aventura e terror, sem cair numa definição fácil de gênero para o filme, deixando que as crianças carreguem a história nas costas, enquanto tentam superar seus traumas, enfrentar seus medos e encontrar coragem na escuridão, de um jeito honestamente delicioso de acompanhar, a maneira de Conta Comigo, ET e Goonies, e até mesmo o recente Stranger Things (que, espero eu, você saiba que é inspirado/influenciado em/por tudo isso e não o contrário).
Bill Skarsgård está inspiradíssimo como Pennywise e entrega uma ótima performance, ainda que não exatamente assustadora (não tenho coulrofobia, então sou incapaz de sentir medo de palhaços). Por exemplo, a mulher torta do quadro é muito mais medonha visualmente falando (em contrapartida, o homem leproso evidentemente feito de borracha é quase vergonhoso), mas são realmente os dramas sociais o verdadeiro horror de fundo e é interessante fazer os paralelos com o pesadelo que o Clube de Perdedores tem de enfrentar. Mais fantasia do que terror, IT realiza um ótimo clímax na típica “casa do terror do parque” e nos instiga para a promissora continuação, fornecendo um entretenimento de primeira. Recomendadíssimo.