Dica de Filme: O Labirinto do Fauno
Seguindo a lista dos 150 filmes que vocês pediram para que eu resenhasse, o escolhido de hoje é o Labirinto do Fauno (2006), um dos meus filmes favoritos de todos os tempos. Dirigido pelo grande diretor Guillermo del Toro, o filme se passa na Espanha de 1944, onde uma menina de oito anos se vê às voltas com labirintos mágicos, seres encantados e perigosos fascistas.
O filme é repleto de simbolismo e bebe profundamente na Jornada do Herói, como outros trabalhos do mesmo diretor que já citei, como os Trollhunters em outro post. O Labirinto é uma metáfora das mais antigas para a Árvore da Vida e os Caminhos entre as Esferas da Kabbalah, na qual o herói ou heroína percorre durante toda sua jornada iniciática, até chegar ao CENTRO do labirinto. É curioso notar que em outras línguas existem palavras distintas para “Maze” (o labirinto de ratos que possui becos e passagens sem saídas) e “Labirinth” que é um caminho tortuoso e concêntrico, mas que ao final da jornada levará o viajante a algum lugar importante. O labirinto que falamos neste filme é uma metáfora para a Jornada do Herói.
Crítica de Trollhunters – Desperte o Caçador de Trolls em você com essa animação
Como de praxe nesta coluna, falarei pouco, mas falarei bem. Se você curte temas hermetistas e gosta da Jornada do Herói, vai adorar este filme, nem precisa se preocupar.
Entre fadas de um mundo perdido, tarefas dignas dos melhores personagens de contos fantásticos e criaturas sobrenaturais, refletidas e contrastadas na pobreza, violência e miséria de uma vila sob o domínio de um ditador socialista e fascista como Franco, vive Ofélia, nossa protagonista e heroína, arrancada do mundo normal por estranhos acontecimentos que circulam a chegada de seu novo padrasto, o capitão Vidal. Presa entre dois mundos, resta a Ofélia enfrentar os desafios apresentados pelo Fauno.
O Labirinto do Fauno pode ser comparado a outro de meus filmes favoritos, “O Labirinto”, com David Bowie vivendo o Rei dos Duendes em seu castelo no centro do labirinto e dando a Jennifer Connely 13 horas para salvar seu pequeno irmão ou este se tornará um duende para sempre.
Duas sugestões labirínticas para você, caro leitor, seguir as aventuras de Teseu nas lendas gregas ou a dos viajantes cristãos nos labirintos dentro das Igrejas. O labirinto mais completo que conhecemos deste tipo é, sem dúvida o da catedral de Chartres, construído na sua nave central por volta do ano 1200 e medindo cerca de 13 metros de diâmetro.
Ele é redondo e suas pedras negras marcam o percurso – em pedras brancas – a ser feito a pé ou de joelhos. A borda é finamente trabalhada, assim como o centro, rodeado por um desenho florido. A renda de pedra que rodeia o labirinto estabelece uma fronteira entre o sagrado e o profano. O Labirinto de Chartres associa a espiritualidade cisterciense ao desejo de fazer da catedral um modelo de perfeição acabada, espelho da Ordem do Universo.
No centro do labirinto havia uma extraordinária placa de cobre. Não sabemos que imagens estavam nela representadas, pois as testemunhas pós-medievais já as viram muito apagadas.