Djon África e a busca de suas raízes
Miguel Moreira, também conhecido como Djon África, descobre que a genética pode ser cruel quando sua fisionomia – bem como alguns de seus fortes traços de personalidade – o denunciam imediatamente como o filho de seu pai; um homem que ele nunca conheceu. Entretanto, esta descoberta intrigante leva-o a tentar descobrir quem é esta pessoa. Afinal, tudo o que ele sabe sobre ele é o que sua avó lhe contou.
Djon África – Viajando da Europa para o continente Africano
Em primeiro lugar, Djon África é um road movie intercontinental. Conhecemos a trajetória de Miguel em busca de seu pai. Órfão de mãe, Miguel vive em Portugal com sua avó. Então o jovem decide se aventurar em uma viagem até Cabo Verde em busca de seu pai, o qual nunca conheceu, e também de sua própria identidade. Porém, tudo o que ele sabe são histórias contadas pela avó, não possuindo fotos ou informações concretas.
A ideia para o filme surgiu depois da morte do meu pai. Estávamos com vontade de nos aventurarmos num primeiro longa-metragem de ficção e reparamos que mesmo ao nosso lado o personagem com quem tínhamos feito mais filmes tinha uma história pessoal incrível que poderia ser um ponto de partida para a ficção – revela João Miller Guerra, um dos diretores.
Na trama, Djon se depara também com questões de pertencimento e imigração com as quais precisa lidar emocionalmente. Ele sofre preconceito e discriminação quando entra em lojas e acha que a escola não serve para ele. “A condição de estrangeiro é de certa forma universal. E quer Portugal, quer o Brasil ou Cabo Verde são países de emigrantes. É possível pelo mundo todo encontrar muitos emigrantes tentando viver melhor. As segundas e terceiras gerações de emigrantes vivem situações semelhantes. A busca pela origem é universal e até transcende a condição do emigrante. E este é um dos temas tratados no filme”, completa o diretor.
Uma experiência diferente
O filme pode ser uma experiência bem diferente para aqueles que não estão acostumados com filmes fora do “eixo”, road movies pelas estradas dos Estados Unidos, etc. Não veremos Nova York ou o Queens, nada de San Francisco ou Londres. Neste longa as paisagens que vemos são outras. Assim, Djon sai de Portugal num bizarro avião com moças dançantes e chega em Cabo Verde, um país africano formado por ilhas. Há praias que lembram o litoral brasileiro, festas mais parecidas com as festas nas nossas periferias e inclusive a língua portuguesa em todo lugar. De um jeito bem distinto, o povo de Cabo Verde fala um português diferentão. No fim do post você pode conferir no trailer.
Apesar das belas paisagens, mudanças de ares e situações pela qual Djon passa, o filme ainda consegue ser meio parado. Mesmo com uma duração normal de longa metragem, aproximadamente uma hora e 36 minutos, a sensação é de que o filme é bem mais longo, deixando o espectador um pouco irritado pela falta de perspectiva de um final. Mas quando o fim chega, é possível abrir um sorriso no rosto com a trilha sonora.
Djon África e os Prêmios
O filme teve sua estreia mundial em janeiro deste ano como um dos oito concorrentes ao prêmio Tiger no Festival de Cinema de Roterdã. Também foi exibido no festival New Directors/New Films nos Estados Unidos e no Festival Internacional do Uruguai. Foi convidado para ser o filme de abertura do último Festival Olhar de Cinema de Curitiba, em 2018. (informações retiradas do release de Djon África)
Os dois diretores também são conhecidos pelo documentário Cama de Gato. No Brasil, Djon África é coproduzido pela DESVIA, do Recife, responsável por longas como Boi Neon e Ventos de Agosto.
Djon África, de Filipa Reis e João Miller Guerra, é o novo filme da Sessão Vitrine Petrobras. Com estreia marcada para o dia 11 de outubro, esta é uma coprodução entre Brasil, Portugal e Cabo Verde.
Djon África
Nome original: Djon África
Elenco: Miguel Moreira, Isabel Cardoso
Direção: Joao Miller Guerra, Filipa Reis
Gênero: Ficção
Produtora: Terratrema Filmes, Desvia Filmes, Oll, Uma Pedra no Sapato
Distribuição: Sessão Vitrine Petrobras