Entre Mulheres
Ao contrário do que o título pode deixar parecer, o filme “Entre Mulheres” não é uma adaptação cinematográfica da “Dança do Maxixe”. Infelizmente, parece que a lindíssima e clássica canção do grupo baiano “Companhia do Pagode” ainda não foi descoberta pelos endinheirados executivos de Hollywood e este filme é simplesmente a tradução brasileira do título “Women Talking” sobre um filme majoritariamente tomado por mulheres falando, um nome que não enganaria ninguém, dá pra ir assistir sabendo exatamente o que vai encontrar.
Habla mesmo
É isso: são mulheres falando. Qualquer coisa que eu adicione a mais seria mansplanning. Tô no começo da crítica ainda, vou adicionar muita coisa, então já peço desculpas pelo vindouro mansplanning.
Mesmo dada essa construção tão óbvia, não dá nem para afirmar com certeza que o filme passaria no teste de Bechdel, porque a maior parte do que as mulheres falam é sobre homens. Mas da forma certa: são mulheres que vivem em uma sociedade machista, escrota, opressora, e o filme abrange o tempo que elas têm para tomar uma importante decisão sobre o futuro delas mesmas e da comunidade onde vivem.
Os homens são um bando de idiotas repressores e agressivos. Tal qual a vida, eu sei, essa metáfora é até óbvia.
Mas nem todo homem…
E se o leitor quiser meter o louco e já chegar falando “mas veja bem… nem todo homem”, então aí eu devo dizer que ele tá meio certo; pensaram nele também. O personagem masculino da história é August, interpretado por Ben Whishaw e ele é realmente ótimo. Eu torci o nariz no começo do filme para aquela figura masculina se metendo no meio da mulherada empoderada, mas ele tem sim sua importância e manda muito bem. Sua presença não diminui as mulheres e seus dramas (na minha opinião masculina, veja bem).
E isso porque o elenco feminino todo atua bem demais. Claire Foy está ótima; e qualquer coisa que a Jessie Buckley fizer eu vou aplaudir, já decidi isso. Rooney Mara que consegue se destacar com uma atuação mara. A ganhadora do Oscar Frances McDormand também aparece, mas num papel bem menor do que se esperava para uma atriz desse calibre.
Entre Mulheres no Oscar
O filme é o último lançamento que faltava da lista de indicados a Melhor Filme. Não vai ganhar e talvez uma indicação dessas seja um pouco de exagero, mas considerando que Avatar está nessa lista, tá tudo bem, é até legal.
Ele também concorre a Melhor Roteiro Adaptado, onde tem chances bem maiores – o roteiro é uma delícia e os diálogos são naturais e marcantes, como não poderia deixar de ser em um filme chamado “Mulheres falando”. Na categoria, ainda fico na torcida por Glass Onion, mas porque eu sou putinha do Rian Johnson; não seria injusto este filme levar.
Para deixar tudo ainda melhor, são cerca de 100 minutos, um pouco mais de uma hora e meia: tamanho perfeito, nada daquelas sessões de mais de duas horas que Hollywood está nos obrigando a assistir ultimamente.
E é isso. Para o texto de um crítico do sexo masculino eu já falei demais, eu tinha que resumir isso tudo em um tweet e o resto deixar as mulheres falarem.