Expresso da Meia-Noite, livro de Billy Hayes
Como conheci O Expresso da Meia-Noite
Engraçado como uma história é introduzida nas nossas vidas. Me lembro de conhecer Midnight Express primeiramente por causa da sua trilha sonora. Meus pais tinham muitos discos e um dos favoritos do meu pai era Midnight Express – Music from the Original Motion Picture Soundtrack – Composed and Produced by Giorgio Moroder. A capa preta trazia a foto de um passaporte cancelado e um rapaz com os braços pro alto. Aquilo nunca me chamou muita atenção, mas de vez em quando meu pai colocava o disco pra tocar e a música era bem diferente de todos os outros discos que nós tínhamos. Devo falar sobre discos de vinil no passado, pois quando surgiram os CDs, minha mãe teve a audácia de doar todos os nossos discos, se arrependendo anos depois, pois tinha muita coisa boa (Grease, Queen, Beatles etc.)
Depois de muitos anos que eu lembrei desse disco e fui atrás de ver o filme, que meu pai tanto gostava. Que eu me lembre, assisti pela televisão. E gostei bastante! Achei a história muito boa e o ator me convenceu. Coloquei nos favoritos.
Tá, mas e o livro?
Um tempo depois, passeando pela Feira do Livro da USP, dei de cara com o livro que deu origem ao filme. Opa! Adoro livros que viraram filme. Comprei. A Feira da USP é sucesso, sempre acho umas obras muito interessantes com preços muito bons.
Demorei, mas li o Expresso da Meia-Noite. E fiquei na dúvida se gostei ou não. Tive que assistir ao filme de novo. Descobri que os dois são bem diferentes. Uma história inspirou a outra, mas não são a mesma história. Claro que livro e filme contam a saga de William (Billy) Hayes para fugir de uma prisão na Turquia, mas por questões de estúdio e exigências legais algumas situações foram modificadas.
Billy nos conta como achou que levar dois quilos de haxixe no avião de volta pros EUA era uma boa ideia. Ele era estudante de letras e tinha abandonado a faculdade para viajar o mundo. Mochileiro mesmo. E usuário de haxixe. Dizia que ajudava na criatividade. Mas a ideia que parecia ótima (levar haxixe turco barato para consumo próprio e dos amigos) lhe roubou alguns anos de sua juventude.
Billy, um americano preso na Turquia
Na prisão ele teve que descobrir forças que não imaginava que tinha. Teve que conviver com vários tipos de pessoas. Apanhou, mas também machucou. Conviveu com lunáticos, mas também enlouqueceu. Escrevia para seus pais e para uma antiga namorada para tentar manter a sanidade. No decorrer da história, nós nos esquecemos que ele não é inocente. Mas compartilhamos de sua ansiedade para voltar a ser um homem livre. Não sei se as leis na Turquia permanecem tão duras nos casos de drogas, mas naquele tempo (1970), muitas pessoas foram presas por portar quase nada de haxixe, sendo condenadas até mesmo a prisão perpétua. No caso de Billy, ele havia pego 4 anos, mas a justiça voltou atrás e o sentenciou para a vida. Ele não teve outra escolha, senão planejar sua fuga.
Tive um pouco de dificuldade no livro, esquecia dele, parecia que não estava engatando. Melhorou da metade pro final. Diferentemente do filme, que te prende um pouco mais do começo ao fim. O roteiro ficou por conta de Oliver Stone (Assassinos por Natureza, The Doors) e a direção foi de Alan Parker (Pink Floyd The Wall, Mississipi em Chamas).
Indico a leitura e o filme, principalmente para perceber as mudanças feitas na história real para se chegar a um filme que ganhou muitos prêmios, inclusive dois Oscar: Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora.