Filho da Mãe
Um reencontro com Paulo Gustavo
Sabe aquele filho que não para quieto e você tem que ficar brigando com ele toda hora? Tem horas que a vontade é de falar um palavrão, mas você acaba cedendo a ele porque sabe que ele só está brincando e sendo ele mesmo, então no final você acaba não falando o palavrão, e solta apenas um “seu filho da mãe”.
É assim a história de Dona Déa Lúcia, mãe do grandíssimo humorista Paulo Gustavo, um filho totalmente fora da caixinha e que só sabia levar alegria para todos, inclusive para sua mãe, que é a primeira fã de Paulo e que deixa isso bem às claras.
Paulo estava gravando um documentário sobre a sua peça “Filho Da Mãe”, que seria um presente para sua mãe ainda em vida. Então ele começou a gravar os bastidores dos shows, viagens com sua família e até discussões com sua mãe, e é a coisa mais engraçada do mundo o Paulo irritando Dona Déa em vários momentos das gravações. Ele não só levava ela para todos os lugares onde fazia sua peça, como também colocava sua mãe no palco, que como já tem um pouco de experiência com por ser cantora quando jovem, entra na dança e faz um espetáculo com seu filho. Ele sempre muito divertido e pra frente, parece ter nascido em outra época de tão evoluído que é.
No filme, você praticamente sorri de novo com Paulo, você relembra o quanto ele era incrível. Dona Déa disse que foi bem difícil pra ela participar de toda a construção desse doc, mas que foi lindo reviver seu filho dessa forma. Ela diz que Paulo era apaixonado pela vida e pela sua família e podemos ver isso em todas as partes de Filho Da Mãe.
Um reencontro com Paulo Gustavo
A mãe do artista também comenta que Paulo parecia sentir que estava indo embora, em muitos momentos do filme a gente pega ele falando que vai morrer e quer ver o que a Dona Déa vai fazer, parecia pressentir que iria partir cedo. Sua irmã, Ju Amaral, e o pai, Júlio Barros, também participam do filme com memórias lindas do irmão e do filho, e a imagem que eles têm dele é parecida com a que temos porque ele sempre foi ele mesmo.
Na coletiva de imprensa, Suzana Garcia, diretora que já estava trabalhando com Paulo disse que foi muito difícil ter que cortar tantas horas de material para caber em tão pouco tempo, porque tudo era perfeito, tudo era bem feito. Paulo era vaidoso com seu trabalho e sempre queria entregar o seu melhor para o público. Suzana disse que quando ela ia para ilha de edição, era bem difícil, pois por ela ia tudo para o ar sem cortes. “Tinha dia que eu não conseguia nem assistir e voltava pra casa pra chorar porque ver o Paulo era muito complicado, Paulo era afeto, era família, eu era amiga dele, então imaginem o quão difícil foi, pra mim, ter que reduzir horas de trabalho para esse filme“.
Com Filho da Mãe, a gente se conecta de novo com um Paulo alegre, divertido e de bem com a vida, pois a produção nos traz a memória de que um dia existiu uma pessoa capaz de mudar a cena do cinema nacional levando apenas a sua família para a tela, e uma família que traz a identificação com todas as outras milhares de famílias brasileiras, ele levava o simples com glamour e isso é do Paulo, não tem nada ou ninguém que chegue perto disso.
Filho da Mãe
Era pra ser um doc, mas virou um filme, era pra ser uma homenagem a Dona Déa, e acabou sendo uma homenagem para Paulo. Assistir esse filme é só alegria e amor, é só afeto e felicidade, faz bem pra nossa alma saber que no mundo existiu esse Espetáculo Vivo. Eu tentei muito não chorar escrevendo sobre Filho da Mãe, primeiro por ser mãe e saber que não existe palavra que define a dor de perder um filho, eu não sei nem se existe uma definição para essa tragédia. Dona Déa disse, na coletiva de imprensa, que muitos falam que ela é forte, mas ela diz que não é força, é fé. Diz que a todo segundo ela pensa no filho, e pensa o que ele faria no lugar dela, então ela tenta sempre levantar e viver, por mais difícil que isso seja. Ela hoje leva alegria por onde passa e com isso um pedacinho do Paulo, preenchendo a gente com amor.
Em segundo lugar, por ser humorista e ver nele uma inspiração, uma verdade que muitos não tem, ele sempre usava a felicidade e a vontade de fazer todos rirem em primeiro lugar, isso pra gente que trabalha com humor é algo a se caçar, algo a se estudar, mas ele tinha isso na pele, corria por suas veias, era espontâneo, a gente vê verdade em tudo que ele fazia, eu mesma sempre tive o Paulo como professor: “O que Paulo faria com essa plateia?” E a resposta é levar alegria sempre, se desligar de tudo e se conectar com eles, a plateia merece 100% de você, então esteja presente e os ame, que você vai ter a resposta que você quer.
Paulo veio a falecer por complicações do vírus covid-19 que, na realidade, foi pura IMPRUDÊNCIA do atual governo, pois perdemos não só ele, mas milhões de brasileiros. Paulo é história, é fato, existiu um ser humano capaz de mudar o mundo, e é assim que ele vai ser conhecido para sempre. O filme está disponível no catálogo do Amazon Prime Video.