Fleabag – 2ª Temporada, mais sensível e emotiva

Série mantém o humor negro em alta, enquanto mostra a evolução natural do ser humano em meio ao cotidiano

Depois de uma primeira temporada brilhante, com diversas camadas explorando os dramas humanos através do campo do humor certeiro, Fleabag – 2ª Temporada tem espaço de sobra para estacionar num ponto e desenvolver ainda mais seus personagens, dessa vez com um tema principal por trás de tudo: a fé (ou a falta dela) e como isso pode transformar alguém para melhor ou pior.

Sem jamais perder sua identidade, a sempre brilhante Phoebe Waller-Bridge expande a narrativa, colocando sua protagonista completamente interessada por um padre (aqui vivido por Andrew Scott, em grande química com a moça) e as complicações desse tal “amor impossível”, com menos sexo e menos surtos do que no ano anterior (o que não quer dizer que essa temporada esteja isenta disso).

Ainda assombrada pela culpa e mais quebrada emocionalmente do que antes, a melancólica personagem não nomeada se permite a mais lágrimas. Ela pisa no freio com algumas atitudes e pensa mais no que vem fazendo. Enquanto isso, questiona os princípios do amor em todas suas vertentes.

Andrew Scott em Fleabag - 2ª Temporada
Andrew Scott

Fleabag – 2ª Temporada

Mas nada disso quer dizer que os elementos que consagraram Fleabag tenham se perdido. Logo no primeiro episódio, temos um longo, engraçado e constrangedor jantar em família, que culmina em socos e sangue, envolvendo a revelação de um casamento e até mesmo de um aborto. Observe que não há tratamento polêmico e sim naturalista, como deve ser, mesmo em contexto absurdista.

A protagonista se aproxima ainda mais de sua irmã, que agora está em nova situação profissional, envolvida com os finlandeses. É Claire, aliás, a responsável pelos melhores ganchos cômicos, como a premiação na empresa ou o sensacional novo corte de cabelo. As reações de Waller-Bridge não poderiam ser mais autênticas. A proximidade com o pai, que se solta mais quando fica a sós com a filha, aqui ganha mais momentos, desenvolvendo melhor a empatia, ponto alto da série como um todo.

A talentosa Phoebe Waller Bridge

Leia aqui a crítica sobre a primeira temporada

A participação especial de Kristin Scott Thomas no segundo episódio (e também de uma terapeuta muito séria) permitem novas camadas para a protagonista, inclusive de como enxergar a si própria e das escolhas que faz. Algo que vai diretamente ao encontro de sua “relação” com o padre, entregando alguns dos melhores diálogos da minissérie até aqui, com contrapontos contrastantes de fé, crença e existencialismo, porém vindo de pessoas que buscam a mesma coisa: uma a outra. Outro detalhe curioso, é que o personagem de Scott parece ter uma percepção da quebra da quarta parede que ela realizava certeiramente de minuto em minuto. Ou seja, uma brincadeira narrativa sagaz que Phoebe se permite fazer pontualmente, sem desviar do caminho.

Assim, mais sensível, mas não menos engraçada, Fleabag – 2ª Temporada aponta para um desfecho, mesmo com o interesse dos produtores em continuar essa obra-prima moderna. Portanto, deixa o espectador invisível parado no ponto, enquanto a protagonista se despede e sai caminhando para longe. Deixando a vida rolar, sem qualquer promessa, assim como é a vida de qualquer um de nós.

Fleabag - 2ª Temporada

Nome Original: Fleabag
Elenco: Phoebe Waller-Bridge, Sian Clifford, Olivia Colman
Gênero: Comédia, Drama
Produtora: Two Brothers Pictures
Disponível: Amazon Prime Video

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