Hellboy e o B.P.D.P. 1953, de Mike Mignola
Hellboy e o B.P.D.P. 1953 dá andamento à juventude de Hellboy em seu começo de carreira no Bureau de Pesquisas e Defesa Paranormal. O mestre Mike Mignola convidou, pela primeira vez desde John Byrne, outro escritor para co-roteirizar ao seu lado. Chris Roberson, autor de diversos livros e contos, conhecido principalmente pela HQ iZombie. No prefácio, então descobrimos que alguns artistas por aqui tiveram seu primeiro contato com o criador através do Facebook, o que é bastante curioso, mas natural, considerando que este encadernado é um dos mais recentes do personagem. Embora lançado lá fora em 2016.
Hellboy e o B.P.D.P. 1953
Na minissérie clássica O Clamor das Trevas, num diálogo com Harry Middleton, Hellboy mencionou um período muito feliz que teve com seu “pai” Trevor Bruttenholm na Inglaterra. Usando assim esse mero detalhe como gatilho, Mignola escreveu ao lado de Roberson quatro histórias curtas de horror, simples e diretas. E mesmo que não atinjam a excelência de outras produzidas em álbuns passados, ainda mantém a essência do vermelhão e do BPDP em ação. Divertindo no caminho! Afinal, é muito bacana acompanhar HB com aquele ímpeto mais típico dos adolescentes. Mais impulsivo e sendo chamado frequentemente de “guri” por outras figuras do departamento.
Se em 1952 Hellboy ainda parecia receoso e perdido…
Aqui em 1953 ele começa a dar passos mais firmes para o que viria a se consolidar com sua personalidade como a conhecemos. Assim, junto do criador, Roberson sabe dosar estranheza, mistério e reviravolta em cada conto. Que valem menos pelo caso em si, e mais pela interação do protagonista com Trevor, que realmente funciona. Não muito diferente da dinâmica dos irmãos Winchester quando saem em algumas missões com o pai na primeira temporada de Supernatural.
Nesse sentido, Ben Stenbeck consegue entregar um trabalho bastante competente. Ele é um daqueles artistas escalados por Mignola. Por isso mesmo, tudo o que ele realiza nas primeiras quatro histórias, orna legal com o universo do vermelhão.
Curiosidades sobre Hellboy
As últimas HQs na verdade são uma só, dividida em duas partes. Traz Hellboy, Xiang e Stegner no subúrbio americano para resolver um caso envolvendo um cão monstruoso e uma pedra radiativa. Com uma conspiração por trás. Aqui, o punho de Roberson é mais fortemente sentido, trazendo ares mais urbanos e leves para HB. Ele abandona seu ar soturno para brincar com criancinhas e bichinhos.
Embalado pela belíssima arte de Paolo Rivera (contando com a arte-final de seu pai, Joe), que diferentemente de seu parceiro de publicação, em nada emula a escola de Mike. Sendo assim, mantém seu estilo autoral, que evidencia um HB mais jovem. Não apenas em pequenos detalhes do traço, mas também nos trejeitos, conseguindo ser o mais fiel possível, a medida que é tão distante quanto estamos acostumamos (com cores mais claras e vivazes).
E tem livro também
Dave Stewart, o colorista principal da série, trabalha em todas as histórias do encadernado e mantém o tom. A história em duas partes ecoa pequenos contextos apresentados ao final de 1952 e apontam para algo maior no futuro. À melhor maneira das tramas clássicas do personagem, envolvendo assim agentes russos (o que super combina com o período) e a demônio-menina Varvara.
A edição da Mythos continua caprichada, agora trazendo um selo de “prime edition”. Com capa dura, entrevista com Rivera e muitos extras ao final da edição. O que numa publicação de Hellboy são mais do que meros enfeites, somando à experiência sempre incrível que é ler Hellboy.