His Dark Materials: Fronteiras do Universo – 3ª temporada
A terceira e última temporada da série que adapta uma das melhores trilogias de fantasia de todos os tempos (Fronteiras do Universo, de Philip Pullman), conclui a história mantendo-se fiel ao material original, mas com suas próprias particularidades.
Claro que, ao ter nomes como dos grandes Ruth Wilson e James McAvoy no elenco, a produção ia valorizá-los além do que é proposto no enredo base e isso funciona para a mídia audiovisual, já que o clímax, do embate contra Metraton na Montanha Nublada, envolvendo Mrs. Coulter e Lorde Asriel, mesmo que se desenrole igual, ainda envolve mais momentos de desempenho da dupla, além de tudo o que antecede, envolvendo inúmeras criaturas que entregam o escopo épico no penúltimo episódio.
Há também outros pormenores, como personagens acrescentados (como o Padre Gomez, inútil do começo ao fim), ou cenas minimizadas (como dos adolescentes “eliminando Deus por acidente”… que não dura nem 1 segundo na tela, e se não é para mostrar direito, porque mostrar então?).
His Dark Materials – 3ª temporada
Mas toda a sequência na Terra dos Mortos e da redenção de Marisa, além da passagem de Mary Malone com os mulefas (que atingem um resultado ousado e muito satisfatório) ou da separação dos jovens de seus daemons, acaba abraçando a essência de A Luneta Âmbar, último livro da trilogia, que serviu de matéria-prima para essa terceira temporada que, mais do que as anteriores, é a que melhor se expõe no discurso ateísta de Pullman, principalmente nos diálogos finais de Malone. Independentemente do seu sistema de crença, é maravilhoso ver isso acontecer, é um passo que poucas produções ousam realizar.
E vamos ressaltar quem merece, pois os protagonistas Dafne Keen e Amir Wilson dão um show à parte. Com atuações fortes, dramáticas e envolventes, a dupla Lyra e Will se torna uma das mais cativantes das séries do gênero. O mesmo apelo emocional proposto pelo autor dos livros em relação ao desfecho do casal que se forma (e é o cerne de tudo), impacta e nos arrebata tal qual foi a experiência do original, e só por isso (ainda que não somente), dá para ver que essa produção conduzida por Jack Thorne e seu time empenhado de roteiristas e diretores, acertou, pois mirou no coração e vai conquistar tanto fãs quanto aqueles que acabaram de desvendar o multiverso.