Jerk
Analisando um crime real
![](https://vitaminanerd.com.br/wp-content/uploads/2023/03/Jerk-filme-critica-vitamina-nerd.jpg)
De uma prisão, David Brooks (Jonathan Capdevielle) conta, através de uma apresentação de fantoches, sobre os crimes de Dean Corll, de quem ele foi cúmplice. Jerk é inspirado na obra de Dennis Cooper, e retrata os crimes reais de Dean Corll.
O caso real
No dia 7 de agosto de 1973, em Houston, Elmer Wayne Henley ligou para a polícia dizendo que tinha matado um homem. O homem em questão era Dean Corll, de 33 anos, dono de uma companhia de doces. Segundo Henley, Corll era um assassino em série e era responsável pelo estupro, tortura e assassinato de mais de 28 meninos, e Henley tinha atirado nele para evitar o estupro e assassinato de dois jovens que estavam na casa de Corll naquele momento, Timothy Kerley e Rhonda Williams.
![O filme narra um crime real através de fantoches](https://vitaminanerd.com.br/wp-content/uploads/2023/02/jerk01.jpeg)
Com as investigações, a polícia descobriu que Corll era o assassino que vinha aterrorizando a região, e que ele usava Henley e David Brooks, dois adolescentes, para atraírem outros adolescentes até sua casa, com promessas de doces, bebidas e drogas, onde eles seriam assassinados.
Corll morreu naquele 7 de agosto, e seus cúmplices, Henley e Brooks, que tentaram se afastar dos crimes, foram presos. Brooks morreu em 2020, vítima do Covid-19, aos 65 anos.
O filme
Parece natural pensar que Jerk, um filme que diz narrar a história de Corll, o faça da maneira clássica, como fazem outras cinebiografias de outros serial killers, como Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal e Monster: Desejo Assassino, mas não é o que acontece aqui.
![Jonathan Capdevielle como David Brooks](https://vitaminanerd.com.br/wp-content/uploads/2023/02/jerk03.jpg)
Jerk usa da história real de Corll, e mais especificamente da de Brooks, mas é inspirado na obra de Denis Cooper, que propõe uma versão mais ficcionalizada da vida do cúmplice de Corll na prisão. O filme acompanha Brooks, agora um marionetista, contando a história dos crimes de Corll e a sua participação neles, através dos fantoches.
O longa é só focado em Brooks, inclusive, a câmera nunca sai dele, e acompanha um monólogo que ele estaria apresentando dentro da prisão. Os fantoches representam Corll, Henley, ele mesmo e as vítimas do serial killer.
O conceito de Jerk dá a impressão de que o filme é lento, e de fato, a linguagem é extremamente teatral, mas o assunto tratado é tão pesado e aqui toma contornos tão perturbadores que Jerk acaba sendo um filme com bastante movimento, ainda que nem a câmera saia do lugar.
![Jerk é um filme perturbador](https://vitaminanerd.com.br/wp-content/uploads/2023/02/jerk04.png)
Aspectos técnicos de Jerk
Jerk é um filme simples em quase todos os seus aspectos. O roteiro narra uma história plana, sem muitos desenvolvimentos, e as cenas consistem basicamente em Brooks contando sua história através dos fantoches. A câmera não se mexe, está sempre focada no rosto dele, mas ele tem um subtexto bem sinistro, que deixa todo o resultado bem perturbador.
A ideia do filme é mostrar Brooks, um dos cúmplices de Corll, narrando os crimes que os dois cometeram juntos, e ele faz isso através dos fantoches, mas as descrições são absurdamente explícitas e as demonstrações nos fantoches também. Além disso, o filme não nos poupa de sangue, em um determinado momento em que Brooks se machuca, ou então de cuspe, pois quando ele fala, tudo é muito animalesco.
E então, existe uma espécie de dualidade nessa trama: a história é contada por fantoches, elementos ligados ao universo infantil e que tendem a deixar tudo meio divertido e até meio bobo, mas o que é feito e narrado em cena é assustador, dando ao telespectador a sensação de que está assistindo a um filme proibido, que talvez devesse ficar escondido, nos poupando assim dos detalhes mais terríveis dos crimes de Corll.
![O longa Jerk não é uma cinebiografia tradicional](https://vitaminanerd.com.br/wp-content/uploads/2023/02/jerk05.jpg)
O filme só tem um ator no elenco, Jonathan Capdevielle, que carrega o filme nas costas e se sai muito bem. Ele está completamente entregue ao papel, o que aumenta essa sensação de que acompanhamos uma história real. Jerk, inclusive, parece ser um documentário e Capdevielle de fato parece ser Brooks, não pela semelhança física, mas pela maneira com que o longa é filmado.
Claro que Jerk não é uma cinebiografia tradicional e vai fazer muito pouco para quem quer saber mais sobre o caso de Dean Corll, ele é, no entanto, um filme perturbador que tenta deixar sua audiência bem próxima dos crimes de Corll, e de certa maneira, consegue. Jerk está disponível na plataforma de streaming Filmicca.
https://www.youtube.com/watch?v=6gsW7iqew9Y