Justiça Jovem – Espectros (partes 1 e 2)
A série amadurece ainda mais os conceitos apresentados no último ano, fazendo bom uso do envelhecimento de seus protagonistas para avançar o enredo e a introdução de outros jovens heróis, à medida que expande o universo DC de uma maneira que somente um fã completo seria capaz de fazer. O começo, porém, não é nada fácil. Os quatro primeiros episódios de Justiça Jovem – Espectros são um desafio, chatérrimos, quase implorando para o público desistir da sessão.
A ida de Ms. Marte e Superboy para se casarem em Marte acaba numa confusão local, mas é evidente que os ETs ali não tem carisma algum e o vaivém e o blábláblá propostos empobrecem por demais a narrativa. Mas é importante sobreviver a esse porre, pois logo em seguida ocorre uma suposta morte que servirá de catalisador para tudo o que vem a seguir, mesmo com diversas subtramas rolando em várias partes do mundo, de Atlantis a Apokolips, apresentando muitos personagens que a maioria do público nunca ouviu falar (e nem precisa, afinal é só fanboyzice dos fanáticos, mas também incríveis, Greg Weisman e Brandon Vietti).
Justiça Jovem – Espectros
As participações de Vandal Savage e Darkseid por aqui são reduzidas, de ameaças terceirizadas, enquanto os roteiristas exploram tramas pontuais de seus principais personagens, como Tigresa, Zatanna, Asa Noturna, Foguete, Superboy, Ms. Marte e Aqualad (que agora é o novo Aquaman). A produção se esforça desde a temporada anterior em ser a mais inclusiva possível. Então todo tipo de representatividade aparece na tela, algumas com função narrativa, outras gratuitas (talvez pelo excesso de discurso), de autismo e relacionamentos não-binários, figuras trans e homossexuais, mais personagens de etnias e culturas diversas ganhando novos corpos (entre as adições bem-vindas, temos uma interpretação e tanto do Zod), falando ainda sobre depressão e luto, além de dar um pouco de moral para personagens secundários, que nem nos quadrinhos sequer tiveram esse viés.
É quase como se os produtores estivessem fazendo tudo o que os quadrinhos só esboçaram e juntando tudo de um jeito mais coeso, com correções históricas, mas sem abrir mão do gore, com mortes grotescas e pra lá de aceitáveis. Entre as várias subtramas, vale o destaque para a última, envolvendo a Zona Fantasma e as consequências de uma incursão até ela. Catártica e poderosa, essa quarta temporada de Justiça Jovem, por vezes esquece de ser uma produção de super-heróis (o que é uma pena), em outras abraça com tudo o melhor que os gibis tem a oferecer. E ainda fazem melhor.