Lua Cheia – Procurado: Vivo ou Morto

Não espere aqui profundidade: discussões sobre o arquétipo do lobo, elucubrações freudianas…. não, não: Lua Cheia só tem uma proposta: ser um filme trash de terror oitentista.

O principal mérito de diretores como Josh Ridgway (mais conhecido por seus trabalhos como ator em filmes menores e recentemente experimentando o caminho da direção) é a proposta política, como pontuei em outra ocasião. Investir em uma história de terror é querer discutir o medo do desconhecido, o descontrole humano sobre a natureza e sobre seus próprios instintos.

Fazer um filme como Lua Cheia é, também, um culto a uma outra época dos filmes de horror; um exercício divertido para realizadores e realizadoras e, para um público seleto dono de um bom senso de humor, uma curtição.

Lua Cheia

Só que Lua Cheia é bem ruim.

A trama é risível: seis bandoleiros-lobisomens ressurgem do túmulo, 150 anos depois de sua época, para causar terror numa pequena cidade americana onde antes havia o vilarejo do Velho Oeste onde atacavam. Para enfrentá-los, um ex-soldado que os derrotou no passado também levanta do caixão, contando com a ajuda de um mentor: um ninja de outra dimensão que, entre outras coisas, lhe ensina que um cetro mágico pode dar cabo dos inimigos.

Não há qualquer preocupação em se explicar como todos esses seres podem ter ressuscitado; de que forma uma tempestade elétrica se relaciona com momentos-chave da trama; a presença surreal do ninja, esporádica e tosca, é de uma superficialidade digna de roteiristas de colegial.

E, por fim, que garantia se tem de que rematar os lobisomens da mesma forma que foram mortos da primeira vez não os fará retornar novamente? Experimente Os Mortos Não Morrem, de Jim Jarmusch, e você sentirá a diferença.

Muitas escorregadas

A caracterização dos lobisomens é pífia: cada um deles parece alguém que passou oito horas jogando uma partida de futevôlei num dia de sol escaldante em Ipanema. Um aspecto melado e uma cor torrada, uma maquiagem muito pobre e mal pensada. Se a discussão é falta de dinheiro, também faltou criatividade para soluções melhores nesse quesito.

O mito do lobisomem é muito interessante, mas aqui isso se perde. O que precisamos, nesse caso, é de monstros, que poderiam ser quaisquer monstros (vampiros, demônios, fantasmas…). Um desperdício de potencial, infelizmente.

Você busca algo gore? Vai se decepcionar: quando a pegada é splatter, as cenas são rápidas e incompletas. Para os mais sensíveis, dá pra passar sem sentir nojo.

Lua Cheia

Por que assistir Lua Cheia então?

Também não há como sair satisfeito das atuações. Chad Michael Collins não tem o menor carisma e um pingo de ritmo como o herói Colt. Ser um dos lobisomens aqui é ganhar um troco fácil: basta escancarar os dentes e seu trabalho como ator está feito. Nenhum dos coadjuvantes se destaca.

É sintomático entender que a melhor cena é uma cena de luta, onde a experiência de Collins em filmes de ação como Sniper faz com que o ator veja mais sentido plástico no que está fazendo.

O momento mais assustador ocorre nos letreiros após os créditos (tente ter paciência e aguarde até chegar lá): a ameaça de que o personagem principal voltará para novas aventuras em breve. Que medo.

Lua Cheia

Nome Original: Howlers
Direção: Josh Ridgway
Elenco: Chelsea Edmundson, Sean Patrick Flanery, Chad Michael Collins
Gênero: Ação, Horror, Western
Produtora: Copper Kid Productions
Distribuidora: A2 Filmes
Ano de Lançamento: 2019
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