Minha Fama de Mau, a cinebiografia de Erasmo Carlos
Minha Fama de Mau é um mergulho emocionante na música e na vida de Erasmo Carlos que, com cabeça de homem e coração de menino, se tornou o Tremendão, símbolo vivo do rock nacional.
Na Tijuca dos anos 60, o jovem Erasmo Carlos (Chay Suede) alimenta uma paixão: o rock and roll. Fã de Elvis, Bill Haley e Chuck Berry, ele aprende a tocar violão enquanto vive de sonhos, bicos e pequenas delinquências. Sua fama de roqueiro atrai Roberto Carlos (Gabriel Leone) e logo se tornam parceiros e amigos. Um megassucesso chega com a Jovem Guarda, programa de televisão onde Roberto, Erasmo e Wanderléa (Malu Rodrigues) são a atração principal.
A cinebiografia traz um recorte que vai da juventude de Erasmo, até a década de 70. Mostra o período em que atingiu o auge do sucesso na Jovem Guarda, ao lado de Roberto e Wanderléa. Está presente também sua atuação no rádio, além da grande amizade com Roberto Carlos, com quem dividiu composições que marcaram gerações.
Erasmo Esteves – O Rei da Brotolândia
Minha Fama de Mau é baseado na biografia escrita pelo próprio Erasmo e publicada em 2008. O diretor Lui Farias escolheu começar a história em 1958, quando Erasmo conhecia e se apaixonava pelo Rock. O jovem de origem humilde vivia sem emprego pelas ruas do Rio, fazendo bicos e roubando fios de cobre. Entre seus amigos, um Tim Maia bem novinho e mau-humorado já começava sua história também.
De forma bem dinâmica, acompanhamos Erasmo e sua transformação. Chay Suede quebra a quarta parede e conversa com o público. Nos conta episódios que o levaram a ser o famoso Tremendão. Uma cena interessante é aquela em que ele conversa com Bobby Darin, cantor de “Splish Splash”. O astro do rock americano sai do pôster na parede e lhe dá dicas de como emplacar um sucesso. Inclusive comentando o visual dos cabelos! Assim, Erasmo e seus amigos formam o The Snakes, um grupo vocal.
Com um emprego no rádio, sob comando de Carlos Imperial (Bruno De Luca), o jovem vai entrando aos poucos no mundo musical do qual sempre quis fazer parte. Quando vê já é amigo de Roberto Carlos e juntos estão cantando sucessos de Elvis num inglês macarrônico. Com o começo dessa bela amizade, Erasmo escreve uma versão para “Splish Splash”. A música vai parar num compacto de Roberto e esses são somente os primeiros passos.
Mas é que eu tenho que manter a Minha Fama de Mau
O diretor brinca dizendo que Minha Fama de Mau começou a ser pensado há 50 anos. Afinal, seu pai, Roberto Farias, foi responsável pela direção da trilogia que Roberto Carlos estrelou no fim da década de 1960 e começo de 1970. Nas filmagens de Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa, o pequeno Lui conhecia Erasmo, que na época, era responsável pela composição da trilha original dos filmes.
Durante sua trajetória, entre altos e baixos, Erasmo faz muitas versões de músicas estrangeiras do Rock. Mas também tem suas composições originais. “Hey, hey! Que onda, que festa de arromba!” são trechos de um dos hinos da década de 60 que ganharam destaque na voz de Erasmo Carlos. Junto com Roberto e Wanderléa, eles formam a Jovem Guarda, com programa de TV e tudo. O sucesso é fenomenal! Eventualmente, havia também as críticas negativas. Podemos observar com a reprodução do programa “Quem Tem Medo da Verdade”, onde Erasmo teve que aguentar duras opiniões, inclusive de Elis Regina, contra o rock brasileiro.
Mas as imagens de arquivo falam por si mesmas. A Jovem Guarda era um fenômeno que ninguém podia negar. O filme traz, em momentos nostálgicos, reproduções de apresentações memoráveis no palco da TV Record. No começo há bastante inserção de animação e até um visual de histórias em quadrinhos. Depois, avançando na vida de Erasmo, adentramos uma fase mais deprê e aí entra o álcool e o bloqueio criativo.
Um filme para cantar junto
O elenco mandou muito bem nas interpretações. Chay, Gabriel e Malu cantam todas as canções, que, de acordo com o diretor, foram aprovadas pelo próprio Erasmo antes mesmo do início das gravações. Ele gostou das músicas escolhidas, se emocionou e aprovou tudo. Podemos notar que muitas das canções estão praticamente inteiras no longa, e mesmo assim, o filme não se torna cansativo. Pelo contrário, Minha Fama de Mau é bem agradável de se assistir.
Bruno de Luca interpreta Carlos Imperial e Bianca Comparato dá vida às várias mulheres que passaram por cada fase de Erasmo, inclusive, Narinha, sua esposa. Fazer o papel de todas as mulheres para culminar em Nara foi uma sugestão da própria Bianca. Um modo bem poético de enfatizar que Nara foi o amor da vida de Erasmo. Isabela Garcia e Paula Toller fazem participações especiais.
Considerações finais
A canção “Amigo”, composta por Roberto Carlos em homenagem a Erasmo, ganhou a cena mais emocionante do filme. Afinal, esta é uma das músicas mais emblemáticas da parceria. Vale ressaltar que, cronologicamente, a música não entraria no filme, mas… nada que uma licença poética não resolva e faça com que o público deixe algumas lágrimas rolarem. Inegavelmente, as canções embalam o filme de forma encantadora.
Para aqueles que acompanham até hoje a carreira de Erasmo, Minha Fama de Mau talvez deixe um buraquinho. Afinal, observamos somente um pedaço de sua vida. Mas para todos os outros que se sentem felizes com o ritmo do rock and roll, ou que cresceram ouvindo a Jovem Guarda (mesmo que fora de seu tempo, como eu), o filme é uma ótima pedida! Daqueles que se assiste sorrindo e cantando. Dia 14 nos cinemas!