Miss França

Alex (Alexandre Wetter) sempre sonhou em ser Miss França, mas passou a vida toda ouvindo que não poderia realizar seu sonho porque era um menino.

Depois de adulto, mas antes de se assumir como transgênero, Alex resolve que vai participar do concurso e para isso vai contar com a ajuda de seus vizinhos.

O concurso

Miss França é um filme que fala de vários assuntos, mas o ponto central de sua história é o concurso de Miss e a vontade que Alex nutre de participar desde criança. Alex, no entanto, é um homem e passou a vida toda ouvindo que ele não poderia ser Miss.

Já adulto, Alex é uma pessoa solitária, que apenas sobrevive, mas que ainda quer realizar seu sonho, até que ele resolve que vai sim, concorrer a Miss França e para isso pede ajuda aos seus vizinhos.

A ideia de Alex é se passar por mulher, sem que nenhuma das outras concorrentes ou dos organizadores do concurso saibam e isso funciona durante boa parte do longa, que passa bastante tempo mostrando a evolução de Alex tanto nos quesitos que dizem respeito ao concurso, quanto ao que diz respeito à relação de Alex com as outras meninas, que a princípio, o isolam.

Alex também começa a se sair bem e chama a atenção de Amanda (Pascale Arbillot), uma das organizadoras do concurso.

Alex

Alex é o protagonista do filme e quem acompanhamos o tempo todo. Fica óbvio durante vários momentos do filme que Alex é uma mulher que nasceu em um corpo masculino, mas isso não é verbalizado nunca, o filme trata de uma questão diretamente ligada à população transgênera, mas sem falar nesse termo.

A interpretação, no entanto, é bem clara e o telespectador tem a sensação de que Alex talvez ainda não tenha se entendido como transgênero ou ainda não tenha se assumido como tal.

Embora a representação seja necessária, o fato de o filme não falar sobre isso com todas as letras não é exatamente um problema, já que o longa passa a sua mensagem e ainda apresenta uma história criativa e prazerosa, mesmo que ingênua.

Aspectos técnicos de Miss França

Essa é uma comédia que narra uma história com aspectos bem despretensiosos, mas que ainda marca opiniões bem fortes sobre assuntos importantes. Um deles é o fato de o filme insinuar que Alex é uma mulher transgênera, mesmo que isso nunca seja dito de maneira explícita, pois nem é preciso, o filme cumpre seu papel.

O machismo dos concursos de beleza é outro assunto que vem à tona. A locatária de Alex, Yolande (Isabelle Nanty) é abertamente contra o concurso de miss, e vocaliza suas opiniões com frequência. Ao mesmo tempo, Amanda, uma das organizadoras do concurso, fala sempre sobre sua opinião contrária e que ela acredita que o concurso de miss pode abrir o caminho para que as participantes partam para outras carreiras depois.

Miss França passa boa parte do tempo acompanhando Alex no concurso e nas aulas de miss, e as situações rendem momentos bonitos, divertidos e, eventualmente, problemáticos, que são usados para que Alex ou as outras personagens mudem. O longa tem ainda uma trilha sonora divertida e bem animada, o que empolga a plateia. Embora o filme use de muitas cenas de montagens de Alex e das outras concorrentes em ensaios fotográficos, desfiles e outros eventos, que poderiam ser cortadas, Miss França é um filme competente, que passa a sua mensagem e que entretém o telespectador.

Alexandre Wetter, que interpreta Alex, está bem no seu papel, e o filme é cheio de personagens engraçados que funcionam como alívio cômico, como Lola (Thibault de Montalembert), Yolande, Randy (Moussa Mansaly) e Amhed (Hedi Bouchenafa).

Miss França é uma comédia que não tem muitas pretensões, ainda que trate de temas atuais e importantes, mas que consegue transmitir boas ideias e deixar a plateia com um sorriso no rosto. O filme chega aos cinemas no dia 19 de maio.