Rocky Horror Picture Show, musical de 1975
Em Rocky Horror Picture Show, Brad Majors, influenciado pelo matrimônio de um grande amigo, decide pedir sua noiva, Janet Weiss, em casamento. Antes da cerimônia eles partem em uma viagem de carro, mas acabam se perdendo. Para piorar a situação, o carro quebra e está chovendo bastante. Eles vão até um castelo próximo em busca de ajuda e são recepcionados por Riff Raff, o criado do dr. Frank N Furter, dono do local. Brad e Janet estranham o visual e o comportamento de todos, sem imaginar que Frank N Furter dedica a vida à libido e ao prazer. Seu novo plano é criar um homem musculoso, Rocky, que possa atender aos seus anseios sexuais.
Rocky Horror Picture Show estreou em Londres em 1973. Depois disso, o musical esteve em cartaz em diversas cidades inglesas e mais tarde, foi para Los Angeles. Ele só estreou no Broadway em 1975, mas só teve 45 apresentações. No mesmo ano, no entanto, Rocky Horror Picture Show foi adaptado para o cinema.
Rocky Horror Picture Show
O casal Brad (Barry Bostwick) e Janet (Susan Sarandon) está fazendo uma viagem romântica de carro, onde Brad pretende finalmente pedir a namorada em casamento, mas os dois se perdem, o carro quebra e eles acabam parando em um castelo sinistro. Como está chovendo, os dois resolvem passar a noite lá.
Logo eles descobrem que o dono do castelo é o Dr. Frank N Furter (Tim Curry), que se define como um travesti vindo da Transilvânia e que está tentando criar um homem (Peter Hinwood) apenas para satisfazer seus prazeres sexuais.
Uma grande bagunça
Este é um musical bem diferente da maioria, e que só poderia ter sido escrito nos anos 70, pós revolução do amor livre.
Richard O´Brien, o criador e compositor do musical queria homenagear os filmes B de terror e ficção científica muito comuns na década de 50. O terror e o musical parecem ser gêneros completamente opostos (o que não é verdade, já que existe até versão musical de Carrie, a Estranha), mas Rocky Horror Picture Show é a exata mistura dos dois.
As referências aos filmes de terror antigos são bem claras: o castelo, o mordomo corcunda, o cientista maluco, a aura macabra que paira sobre o local e claro, a criatura que está sendo feita nos laboratórios. O que o filme faz com maestria é subverter todos esses clássicos do terror, de uma maneira que tudo se torna cômico. Então, o cientista é também um homem que anda pelo castelo de espartilho e cinta liga e a criatura, longe de ser um monstro no estilo de Frankenstein, é um homem loiro e musculoso.
Explosão de sexualidade
O filme primeiro nos apresenta um casal certinho, que provavelmente nunca teve relações sexuais, que cai nesse castelo onde sexo parece ser o único assunto. Isso acaba afetando os, antes, caretas Brad e Janet. Soa como um musical perfeito para falar da recém conquistada liberdade sexual, especialmente das mulheres. Isso fica muito explícito quando Janet canta a música Touch-a-touch-a-touch-a-touch me, que deixa claro que, embora ela esteja presa nessa persona de namorada perfeitinha, ela também tem desejos sexuais.
O musical também é cheio de ambiguidade sexual e fala sobre diversidade de uma maneira bem moderna para os anos 70. Frank N Furter é um homem que se define como travesti, usa espartilho, cinta liga e maquiagem, está criando um homem para ser, literalmente, seu escravo sexual e ele demonstra interesse tanto por Brad, quanto por Janet. O mesmo acontece com sua criatura, Rocky, que dá nome ao musical, e não parece fazer diferenciação entre homens e mulheres.
Assim que chegam ao castelo, tanto Janet quanto Brad parecem entrar na mesma onda e começam a questionar as suas próprias escolhas. Não existe uma ode maior à bissexualidade do que Rocky Horror Picture Show.
Aspectos técnicos
As músicas do filme foram compostas para o musical e entre elas estão Damn It, Janet, Over The Frankenstein House, Sweet Transvestite, Hot Patootie, Rose Tint My Word e a ótima Time Warp.
O elenco também é muito diferente, já que é composto de atores que não estiveram em muitos musicais, como Susan Sarandon, Barry Bostwick, Patricia Quinn, Nell Campbell e até o músico Meat Loaf, mas é claro que a atuação que mais chama a atenção e que virou quase um símbolo do musical é a de Tim Curry. É quase impossível pensar em Rocky Horror Picture Show e não lembrar dele usando cinta liga preta.
Nos palcos
Diferentemente de muitos musicais, Rocky Horror Picture Show não ganhou revival na Broadway, mas a sua montagem original foi indicada a um Tony. Aqui no Brasil, Rocky Horror Picture Show teve, surpreendentemente, três montagens. A primeira em 1975, com Wolf Maya, Lucélia Santos e Tom Zé no elenco, depois em 1994, dirigido por Jorge Fernando, com Claudia Ohana, Marcelo Novaes e Tuca Andrada.
Nessa montagem, o diretor manteve a tradição da “sessão maldita”, que acontecia todas as sextas feiras, à meia noite e onde o público ia fantasiado como os personagens do filme. Já em 2016, o musical começou uma temporada em São Paulo, com Marcelo Médici. Essa montagem não tinha a “sessão maldita”, mas o público apareceu fantasiado em varias sessões diferentes e era chamado ao palco, ao final, para dançar a música Time Warp. A montagem ganhou uma segunda temporada em 2017.
Nas telas
Em 2016, Rocky Horror Picture Show ganhou um remake, que tem no elenco Victoria Justice (da série Brilhante Victória), o cantor Adam Lambert, Reeve Carney (que esteve na montagem para a Broadway de O Homem Aranha e foi o Dorian Gray em Penny Dreadful) e Laverne Cox. Tim Curry faz uma pontinha no filme também.
O musical também foi homenageado em um episodio de Glee, onde os personagens fazem uma montagem da peça; no livro (e posteriormente no filme) As Vantagens de ser Invisível e em outro musical, Fama, de 1980.
Além disso, Frank N Furter com toda a sua liberdade e ambiguidade sexual, virou um ícone LGBTQ+ e ele é constantemente imitado em shows de drag queen.
Rocky Horror Picture Show é um musical muito diferente, ele não segue padrões clássicos e apresenta questões que estão sendo discutidas nos dias de hoje, o que torna o filme, moderno e divertido.