Noturno – Filme com boas ideias, mas poucos sustos

Juliet Lowe (Sydney Sweeney) é uma jovem tímida que deseja se tornar pianista. Ela e a irmã gêmea, Vivian (Madison Iseman) frequentam um internato especializado em artes e Juliet se sente constantemente ofuscada por Vivian, que é carismática e não só faz mais sucesso com os garotos, como também consegue mais oportunidades como pianista.

Quando ela encontra o diário de uma estudante que se matou recentemente, Juliet sente que suas chances na vida começam a melhorar e que, pela primeira vez na vida, as pessoas prestam mais atenção nela do que em Vivian. Até que as coisas começam a sair do controle.

Juliet e Vivian

A protagonista de Noturno é Juliet, mas sua irmã gêmea, Vivian, tem um papel quase tão importante quanto o dela. As duas meninas gostam de tocar piano desde crianças e cresceram sonhando em se tornarem profissionais. Já na adolescência as duas estudam em uma escola particular voltada para as artes.

Juliet e Vivian são sempre apresentadas como opostas: a primeira é tímida e insegura e a segunda carismática e extrovertida. As diferenças não param por aí, Vivian chama a atenção dos garotos – e até de homens mais velhos – e se sai melhor na escola. Juliet se esforça muito mais e é dedicada ao piano a ponto de não ter vida social, mas nunca consegue alcançar a irmã, que quase nunca estuda e passa boa parte do seu tempo livre com o namorado, Max (Jacques Colimon).

Juliet se sente sempre ofuscada pela irmã, que parece melhor, mais interessante e mais bonita que ela, mas as coisas começam a mudar quando ela encontra o diário de Moira, outra aluna do internato que se suicidou há pouco tempo.

O diário

Moira se suicida logo no começo do filme e é assim que se abre uma vaga para o recital daquele ano. Tanto Juliet quanto Vivian decidem tentar, mas a protagonista, que é insegura, está apavorada.

Quando ela encontra o diário, as coisas mudam, como se Moira tivesse dado forças para que Juliet finalmente se sentisse segura e começasse a acreditar no seu potencial. O diário, no entanto, é um tanto quanto perturbador, cheio de desenhos violentos e feitiços sinistros. Juliet não se incomoda com isso, muito pelo contrário, ela se aproveita de tudo que Moira escreveu.

Mas o que no começo parece bom, já que ela se sente mais confiante, vai tomando outros rumos. Juliet passa a se comportar quase como Moira, inclusive nos aspectos mais perigosos de sua personalidade.

A ideia de Noturno é bem interessante, assim como o cenário escolhido é relativamente inovador, mas o filme se perde no meio do caminho. Ele não é exatamente assustador, embora tenha alguns momentos perturbadores e aflitivos.

Aspectos técnicos de Noturno

O filme tem uma premissa instigante, bons personagens e um cenário que não é comumente associado a filmes de terror. Aqui o roteiro mistura uma escola de artes e personagens que são artistas com o gênero. Juliet e sua irmã, que são completamente opostas, também são personagens interessantes e bem escritas. O telespectador quer acompanhar a protagonista e entender por que ela se sente tão apagada perto da irmã, já que fica claro que as duas são bem talentosas.

A ideia central de Noturno lembra um pouco a de Cisne Negro, que também conta a história de uma jovem insegura, que quer trabalhar com artes.

O longa, no entanto, vai se tornando lento com o tempo e perde a atenção da plateia. Noturno não é um filme propriamente assustador, mesmo que o comportamento de Juliet vá se tornando cada vez mais violento e perturbador, e isso é um problema para um filme de terror.

Juliet

O grande destaque fica para Sydney Sweeney, que se sai muito bem tanto como a Juliet tímida e insegura, quanto como a Juliet mais segura e cada vez mais perigosa.

O longa tem um visual macabro que é mais assustador que o filme em si. As cenas são aflitivas e perturbadoras, mas é óbvio que isso não é o suficiente para segurar um filme de terror.

Noturno tem um bom tema e começa bem, mas se perde no caminho e se torna mais um filme de terror que não assusta.