O Agente Noturno

Mesmo que não guarde o estilo e a identidade visual da incrível 24 Horas, O Agente Noturno, essa nova produção da Netflix, coloca um agente lutando contra o tempo para impedir um atentado, atuando de maneira defensiva. Diferentemente da série dos anos 2000, porém, o protagonista Peter Sutherland não é uma lenda em seu meio, mas sim um mero telefonista do FBI, dentro da Casa Branca (e acompanhamos justamente sua jornada do herói para chegar até o título da obra). E, ao contrário do contraditório e anti-heroico Bauer, esse novo agente é altivo e corretíssimo, quase como um Capitão América.

Dividida em 10 episódios viciantes e fáceis de maratonar, O Agente Noturno não se envergonha de lidar com clichês e tropos do gênero, colocando as devidas peças no tabuleiro: um traidor ou mais entre o grupo principal, um atentado planejado em um dia e horário, uma ação para encobrir a outra, e o herói sendo perseguido pelos seus, com outros agentes atuando com protagonismo aproximado. Gabriel Basso, que veio lá de iCarly e The Middle, cresceu e consegue transmitir a honestidade de seu herói. Luciane Buchanan faz seu par, como a vítima que impulsiona a ação, extremamente divertida e carismática.

Fola Evans-Akingbola, D. B. Woodside, Phoenix Raei, Eve Harlow (que é a versão mais jovem de Helena Bonham Carter e guarda o melhor de seus trejeitos maluquinhos) e a grande Hong Chau (de A Baleia) completam o elenco repleto de figuras cativantes, que representam outros estereótipos do estilo de maneira levemente diferente. A dupla de bandidos é bastante interessante. As sequências de ação são genéricas, mas efetivas, e os diálogos, por mais expositivos que soem às vezes, funcionam dentro da proposta. Como um herdeiro do espírito de 24 Horas, O Agente Noturno cumpre a promessa no quesito dentro do gênero.