O Ano de 1985, um drama sincero e comovente
O Ano de 1985 nos apresenta a história do jovem Adrian (Cory Michael Smith de Gotham) que após anos longe de sua cidade no Texas, retorna para passar o Natal com a família, durante a primeira onda de crise da Aids. Angustiado, o jovem procura se reconectar com sua amiga de infância Carly (Jamie Chung), seu irmão mais novo Andrew (Aidan Langford) e seus pais religiosos Eillen e Dale (Virginia Madsen e Michael Chiklis), enquanto luta para revelar seus segredos.
O filme mostra um olhar raro sobre um momento crucial na história através do prisma da empatia, do amor e da família. Assim, acompanhamos Adrian nesse retorno à família, sempre com um pé atrás de que algo ainda pior irá acontecer. Afinal, seu pai é um homem durão, conservador, que se incomoda com o fato do filho morar em companhia de outros rapazes; e sua mãe é uma religiosa iludida que acredita ser possível que Adrian ainda namore com a amiga de infância.
O único membro da família que pode entender Adrian, porém não neste momento, é seu irmão mais novo. O garoto não é exatamente o que o pai gostaria que ele fosse. Numa evolução pessoal com apoio de Adrian, Andrew se revela capaz de quebrar regras. Tanto as impostas pela igreja quanto pelos pais. E, principalmente, ter um futuro mais promissor do que o irmão mais velho.
O Ano de 1985
Adrian está quase o tempo todo tenso e prestes a chorar, pois esconde coisas que não gostaria daqueles que ama. Já são três anos morando longe da família e essa visita acaba sendo tão importante, pois existe o medo de que seja a última.
Para equilibrar suas emoções, temos a presença de Carly, a antiga namorada do colegial. A moça, que está à frente de seu tempo, surge primeiramente como a namorada abandonada e ressentida. Mas conforme a amizade volta ao normal, Adrian vê em Carly a possibilidade de uma grande aliada nesse desafio da vida.
Ao longo da trama também descobrimos que é possível que um veterano de guerra carrancudo possa se abrir com seu filho e estar ali para o que der e vier. E percebemos que, embora gostaria que as coisas não fossem como são, a mãe de Adrian também pode ser compreensiva e muito tocante com poucas palavras.
Difícil realidade
A história se passa em 1985, época de muitas descobertas referentes à AIDS. Mas mesmo se fosse nos dias atuais, poderíamos encarar que a intolerância e a homofobia ainda estão profundamente enraizadas na cultura mundial. Quantas pessoas ainda hoje não escondem suas verdades até mesmo da família? Aliás, até quando?
Exibido em diversos festivais internacionais, O Ano de 1985 teve sua première mundial no SXSW e recebeu o Prêmio de Melhor Filme no Festival LGBTQ+ de Barcelona, Prêmio do Público no Festival de Champs-Élysées e está indicado a Melhor Filme Independente no GLAAD Awards.
O diretor, Yen Tan, optou pelo uso do preto e branco, com a intenção de tornar o filme verossímil e valorizar o trabalho dos atores. Afinal, como dizia Orson Welles, “toda performance parece melhor em preto e branco”. E você pode conferir seu trabalho nos cinemas a partir do dia 25 de abril.
https://www.youtube.com/watch?v=0GXknBFZZyE&feature=youtu.be