O Grito, o reboot que ninguém pediu

O Grito é um reboot dos filmes O Grito e O Grito 2, que por sua vez, são um remake do filme japonês O Grito.

Muldoon (Andrea Riseborough) acabou de ficar viúva e precisa cuidar de seu filho pequeno. Então ela muda de cidade e começa um novo emprego em uma delegacia como detetive.

Nos primeiros dias, ela entra em contato com o caso da rua 44 Reyburn Drive, uma casa onde diversas tragédias aconteceram. Obviamente, ela fica obcecada com o caso. Quando começa a investigar mais a fundo, Muldoon descobre que todas as pessoas que entraram em contato com a casa foram afetadas por ela.

Lin Shaye em cena do filme O Grito
Lin Shaye em cena do filme

O Grito e a maldição

Para qualquer pessoa que esteja familiarizada com as tramas dos outros filmes, O Grito não tem nada de muito novo para acrescentar. O cerne do filme é o mesmo dos seus antecessores. Fica mais do que claro que existe uma maldição que ronda a casa de 44 Reyburn Drive, que parece ter ido para os Estados Unidos através de Fiona Landers (Tara Westwood), que trabalhava no Japão.

Maldições em casas assombradas não são exatamente elementos inovadores em filmes de terror e O Grito nem parece querer aumentar ou modificar a trama dos outros filmes, o que faz o espectador se perguntar exatamente qual é a motivação por trás desse reboot (além de ganhar dinheiro, claro).

O longa também não explica a origem da maldição, dando a entender que o público precisa ter um conhecimento prévio da história antes de ir ao cinema, o que funcionaria perfeitamente se se tratasse de “O Grito 3” e não de um reboot, que na teoria, visa um novo público e, portanto, deve explicar a história novamente. Se uma nova geração, por exemplo, resolver ir assistir O Grito, e não se der ao trabalho de pesquisar antes, vai sair do filme sem compreender totalmente a sua história.

A cena clássica do outro filme retorna nesse reboot
A cena clássica do outro filme retorna nesse reboot

Muitos personagens

Outro problema de O Grito é que o filme tem uma quantidade um tanto quanto grande de personagens. Começamos acompanhando Fiona voltando para casa e reencontrando sua família, então, passamos para Muldoon e seu parceiro, detetive Goodman (Demián Bichir). Depois Peter (John Cho) e Nina Spencer (Betty Gilpin), um casal de corretores que está vendendo a casa, aparece e, mais tarde, ainda somos apresentados ao casal que vive na casa na época em que o filme se passa, William (Frankie Faison) e Faith Matheson (Lin Shaye).

As histórias se passam em anos diferentes, embora não muito distantes e essa distinção é feita com um aviso do ano em questão no começo das cenas. No entanto, essas mudanças acontecem de maneira um tanto quanto bruscas e é fácil se perder na timeline do filme. O fato de ter muitos personagens também prejudica, pois não nos aproximamos de nenhum deles completamente, embora cada um tenha suas próprias questões e elas sejam apresentadas no filme.

O Grito recorre á clichês do gênero
O Grito recorre á clichês do gênero

É difícil, no entanto, seguir tantas tramas ao mesmo tempo. Soa quase como uma perda de tempo dar mais camadas a esses personagens, já que eles têm tão pouco tempo de tela. Em certo sentido, O Grito lembra muito a primeira temporada de American Horror Story, que também se passava em uma casa mal-assombrada e retratava as diversas tragédias que aconteceram na casa em épocas diferentes, mas naturalmente que uma série, com diversos episódios, tem muito mais tempo para tratar de todos esses temas do que um filme de 1h34min.

Aspectos técnicos de O Grito

O Grito repete boa partes dos clichês de filmes de terror, como a casa assombrada, a série de tragédias e claro, os jump scares. Uma vez que todos os outros filmes da série se enquadram em uma categoria de terror mais comercial, ele segue mais ou menos esse estilo. Sendo assim, é um terror voltado para o público que quer apenas assistir a um filme de terror, se assustar em alguns momentos e ficar com um pouco de medo depois da sessão. Nesse sentido, ele está dentro dos padrões.

O filme tem algumas cenas aflitivas
O filme tem algumas cenas aflitivas

Mas existem outros problemas, como por exemplo, o fato de não explicarem a origem da maldição, mesmo sabendo que o longa pode atrair um público que não conhece ou não assistiu aos filmes antigos e apresentar várias histórias, e vários personagens que parecem nem se relacionarem entre eles, mas não desenvolver nenhuma dessas questões muito bem.

Embora o filme tenha algumas cenas aflitivas, que funcionam e deixam a plateia roendo as unhas, ele não é propriamente assustador e acaba se tornando um pouco sonolento com o tempo. O Grito também apresenta boas atuações, como a de Jacki Weaver, John Cho e Lin Shaye, que é o que tem de mais assustador no filme, mas nada disso se segura em frente a uma trama que não se sustenta.

Andrea Riseborough como detetive Muldoon
Andrea Riseborough como detetive Muldoon

Veja aqui nossa sessão de filmes de terror

O reboot de O Grito faz boa parte dos espectadores se perguntarem qual é exatamente o sentido de fazer mais um filme de uma franquia que parecia finalizada e que ainda por cima, soa como um terceiro filme de qualidade ruim. O filme entra em cartaz no dia 13 de fevereiro.

O Grito

Nome Original: The Grudge
Direção: Nicolas Pesce
Elenco: Andrea Riseborough, Demián Bichir, John Cho, Betty Gilpin, Lin Shaye
Gênero: Terror
Produtora: Ghost House Pictures, Good Universe, Screen Gems, Stage 6 Films
Distribuidora: Sony Pictures
Ano de Lançamento: 2020
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